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“EPIPHANIUS” (Resenha)

Resenhar uma obra tão importante como Massoneria e sette segrete: la faccia occulta della storia (Maçonaria e sociedades secretas: a face oculta da história), de Epiphanius, é tarefa árdua, porém, teremos que fazê-la, escolhendo certos argumentos, e, desconsiderando outros, por ser impossível tratar de todos.

A obra começa fornecendo alguns elementos sobre a gnose, demonstrando ao leitor o caráter essencialmente teológico e religioso da Maçonaria, sem a compreensão do que não se pode identificar com precisão as manobras da sociedade secreta, seus entrelaçamentos financeiros, monetários e o tráfico ilegal, sem compreender que o mais importante é o fim ideológico de tudo isso.

A luta pela vida, a luta pela implantação do aborto, da eutanásia, da esterilização forçada, do “casamento” gay, da liberação da droga, são exemplos de um aspecto da conjura que não pode ser explicado na base do puro cálculo de proveito econômico, mas somente por uma idéia filosófica da vida que se assemelha à gnose e às heresias dos primeiros séculos (Saturninos, Basilidianos, Carpócratas, Cátaros, dolcetistas, Adamitas...), tenazmente avessos ao matrimônio, à família, e à procriação, por causa da sua concepção dualística da realidade. Dualismo entre um Deus bom e um outro mau, o Demiurgo criador, entre o corpo e a alma... Esse gnosticismo, vinculado à Cabala Judaica, penetrou no ocidente com o Humanismo, maculando a visão cristã, impelindo à prática da magia, da astrologia (em personalidades como Reuchlin, Cornelius Agrippa, Pico della Mirandola, Marsilio Ficino, e, mais adiante, Giordano Bruno e Campanella) e, coerentemente com a aceitação da concepção panteística, desenvolvendo a primeira teoria sobre a substancial igualdade das religiões.

Essa visão é expressa, por exemplo, na Utopia, de Tomás Morus, nas famosas teses de Pico della Mirandola, e na Cidade do Sol, de Tomás Campanella, onde as várias religiões são consideradas como frutos de conjunções astrais, todas verdadeiras, pela sua origem comum, mas, complementares umas às outras pela formação de uma indefinida Religião Universal que encerraria todas elas. (p. 33).

O seu nascimento é fixado numa nova era, assinalada por um acontecimento astral, com uma espera Messiânica que faz pensar nos modernos milenaristas, aqueles que falam continuamente no “Terceiro Milênio”, como se a passagem de 2000 para 2001 pudesse comportar qualquer coisa em termos sociais, políticos e religiosos. Sobre isto, o ex-Grão Mestre da Maçonaria Italiana, Giuliano di Bernardo, no seu último livro, La Riconstruzione del Tempio (“A Reconstrução do Templo”), Marcilio, 1996. (Este livro fala do “homem do terceiro milênio”, como de um homem diferente daquele que o precedeu, ecumênico, aberto ao diálogo entre as religiões, e ao misticismo, da Cabala Judaica. Um homem que, como diz Epiphanius, e até mesmo S. Bernardo, parte de “uma raça única e indistinta” determinada pela ”osmose das raças”, das emigrações grandiosas que provocará o fim da especificidade das religiões “enquanto a humanidade tenderá para uma forma de religiosidade toda condividida”, o sincretismo ecumênico de modelo maçônico. (G. di Bernardo, op. Cit. P. 90 – 91)

Essas teses e, especificamente, os escritos de Morus, Pico e Campanella, foram postas no Index da Igreja Católica, o ecumenismo sincrético, que hoje triunfa, foi duramente condenado. O indiferentismo religioso, e a conseqüente condenação de Cristo, que pretende ser “o Caminho, Verdade, a Vida”, foram retomados, entretanto em terça parte da obra intitulada “A Era de Aquário”, ou o reino da Contra-Igreja”, donde se espalha justamente pela Sociedade Teosófica (associação paramaçônica, no interior da qual é elaborada a cultura da dita New Age), “cujo mais elevado escopo espiritual é a unificação das religiões”. Tal unificação, enquanto base ideológica da futura unidade mundial, é sustentada principalmente pela ONU e por uma série de associações, tais como o “Conselho Mundial das Igrejas”; o Lucis Trust”, ex – “Lucifer Trust”; o “Templo da Compreensão”, definido como uma imagem cara à maçonaria de todos os tempos, como a da torre de Babel.

O autor se guia como num mundo totalmente desconhecido do grande público, onde os ditos “Servidores do Mundo”, os “Mestres da Unidade”, os “Iluminados”, desenvolvem seus ritos misteriosos, as “grandes invocações”, auto investidos da missão de dirigir o mundo, invocando forças espíritas e a energia celeste de “Lucifer, o Porta–Luz” (p. 438) nos lugares onde se decidem os destinos das nações. A esse respeito é interessante o noticiário do “Lucis Trust” chamado Boa Vontade Mundial, “reconhecido pelas Nações Unidas como Organização Não – Governamental, e representada nas reuniões regulares informativas da Direção – Geral das Nações Unidas”, segundo informa o próprio jornal.

Pois bem, esse jornal ressalta, permanentemente, o conceito segundo o qual a Unidade Mundial, à entrada de uma nova era já está anunciada e depende da formulação de uma nova ética universal, contraposta à antiga , particularmente àquela católica: “a ética da nova era atingirá o sentido comum do sagrado, reconhecerá que as forças superiores (inevitavelmente envoltas em mistério), são a fonte do amor e da luz, e, que a vontade comum criará um mundo exterior que respeitará o nosso senso de unidade interior”. “O projeto de uma Ética Universal foi elaborado com o legado de vários grupos interessados. Estes compreendem o Secretariado das Nações Unidas, o Banco Mundial, grupos religiosos, sindicatos, e o mundo dos negócios”. (Noticiário da Boa Vontade Mundial, dezembro de 1996).

Os “mestres” citados são o Dalai Lama; animalista e ecologista como Peter Singer, defensor do aborto, da eutanásia e do assassinato de crianças doentes; Alice Bailey, fundadora, em 1992, do “Lucifer Trust”; da própria “Boa Vontade Mundial” e da “Escola Arcana”. Dessas e de tantas outras das quais fala Epiphanius, através de análise acurada dos eventos políticos, econômicos e religiosos atuais, termina por levantar os laços existentes, entre numerosíssimos membros da mais alta hierarquia católica com as várias sociedades sincretico – aquarianas, maçônicas e onusianas, geralmente.

O estudo do mundo maçônico se estende até a análise do mundo financeiro, dos grandes banqueiros israelitas maçons e das personalidades ligadas ao tráfico de drogas e diamantes, ao animalismo e à ecologia, à contracepção e à pornografia. Sobre esta última, a partir da p. 356, está analisado o papel da revista americana Playboy, por detrás da qual “se movimenta uma Fundação homônima que no U.S.A. desempenhou um papel significativo na campanha pelo direito ao aborto, pelos direitos dos homossexuais, e pelo direito a drogar-se. Playboy defende, abertamente, até pessoas que declaram ter relações sexuais com animais. Patrão e diretor da Playboy é o israelita Hugh Hefner, financiador, por exemplo, da “Força de Intervenção Nacional em Favor dos Homossexuais”. Por trás da edição francesa da Playboy, encontramos o banqueiro Edmund de Rothschild e Rupert Murdoch, patrão de oitenta jornais, que é, como todos os acima citados, ligado aos círculos maçônicos e mundialistas.

A análise da História Moderna leva Epiphanius a ilustrar o trabalho da maçonaria na destruição dos impérios tradicionais como o dos Habsburgos, e na criação da contraposição nacionalista, inicialmente, e daquela entre os blocos capitalista e comunista, depois: são o terror da guerra, a existência de duas superpotências para unir povos e gentes diversas sob a mesma ditadura, americana e comunista... a unificação mundial se faz através do fortalecimento de órgãos supranacionais, como a ONU e a CEE, que privam os povos da sua soberania, afirmando-se como centros do poder universal. Uma vez completada a servidão – unificação de todos, profetiza Epiphanius (na primeira edição publicada já há alguns anos), necessitará recorrer ao princípio romano “divide et impera” e agir a fim de “regionalizar” o mundo, Europa em primeiro. ”Dividir as nações em entidades muito pequenas para rebelar-se e suficientemente fáceis de controlar para impedir a união”. Epiphanius cita o Bilderberg Lecaunet e o israelita Servan Schreiber que, no longínquo 1973, escreveram: ”Para libertar os cidadãos da centralização burocrática, ocorre criar a Região... deve-se construir a Europa... É, pois, indispensável que as regiões sejam administradas por uma assembléia regional, eleita por sufrágio universal direto. Esta designará, dentre os seus, o executivo: um diretório liderado por um presidente da região. A região disporá de orçamento próprio e de recursos. Terá os meios necessários ao pleno exercício das suas atribuições e responsabilidades”. O objetivo, é claro, não é “libertar”, mas permitir ao Governo Mundial agir sem encontrar-se diante de eventuais obstáculos postos por outros poderes fortes.
Concluindo a leitura do volumoso e corajoso livro de Epiphanius, o leitor interessado encontrará, num manual esclarecedor, a história oculta e ocultada, que é, por isso mesmo, de difícil compreensão, e poderá, igualmente, visualizar o objetivo, os meios, a linha essencial da conjuração maçônica, além de entrever a lógica e a racionalidade de que talvez conhecesse, mas não compreendia, integrantes de projetos mantidos ocultos ao grande público, não por serem fantásticos e indecifráveis, mas pela covardia de muitos, cumplicidade de outros, inclusive o silêncio dos pastores omissos, que se tornaram guias cegos, e lobos travestidos de cordeiros.

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