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Esta é a fazenda Sant' Ana do Turvo

Este é o local das Conferências do Coetus Fidelium

Congresso Anual


Coetus Internationalis Fidelium


Necessitamos urgentemente que haja confirmação de presença por e-mail até o dia 30 de novembro.

Em breve estaremos disponibilizando as fotos dos pontos de ônibus e táxi (locais principais) e da Fazenda para fornecer maior segurança para os que vierem ,ou seja, para que não se percam.


Local: Fazenda Sant’ Ana do Turvo, distrito de Amparo, próximo à Volta Redonda, RJ.

Tema: A crise na Igreja e o momento atual.

Dias: 08, 09, 10 e 11 de Dezembro

Conferencistas:Revmo. Mons. Mark Pivarunas(USA);
Sr. Araí Daniele (Portugal);
Dr. Homero Johas (Brasil);









Vídeo elaborado por nós denuncia a Apostasia

http://www.youtube.com/user/paulolimakl
Vídeo elaborado por nós denuncia a Apostasia da nova religião que quer se passar por católica.

Declaração oficial do Coetus Fidelium


Dr. Homero Johas

Em tão grave e importante momento gostaríamos de sublinhar que o Dr. Homero Johas não participou em eleições de pseudo-papas, quaisquer que sejam os nomes. Atuam de má índole os que utilizam o seu nome para dar credibilidade a tais eleições.


Sabemos que a crise é grande,mas sabemos igualmente que a situação atual não se resolverá por intervenções humanas e arbitrárias. A Igreja vive, como profetizou o Pe. Emmanuel, como Jó: foi despojada de quase tudo, mas a sua unicidade, santidade, catolicidade e apostolicidade, perduram e perdurarão sempre. Confiemos em Nosso Senhor Jesus Cristo que não abandonou e nem abandonará a Sua Igreja. Aguardemos o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

Obispo Mark A. Pivarunas, CMRI


Mark Pivarunas entró a la vida religiosa en septiembre de 1974. Después de un año de postulación, entró al noviciado el 8 de septiembre de 1975, tomando el nombre de Hermano María Tarcisius. Hizo su primer profesión de votos el 12 de septiembre de 1976. Cuatro años más tarde, en el mismo día festivo, hizo su última profesión de votos en la Congregación de María Reina Inmaculada.


El Hermano Tarcisius recibió el usual entrenamiento de seminarista, mostrando competencia en filosofía y en teología moral y dogmática. Habiendo recibido el elogio de sus superiores por su progreso en virtud y conocimiento, fue ordenado al sacerdocio el 27 de junio de 1985, por el Muy Reverendo George Musey.


El Padre Tarcisius sirvió como rector del seminario de la Congregación por cuatro años, luego fue elegido Superior General en 1989. Su celo por las almas lo llevó a viajar extensamente por toda Nebraska y a estados vecinos para proveer la Misa y los sacramentos a los miembros de su rebaño.


Desde su elevación al episcopado por el Muy Reverendo Moisés Carmona, el 24 de septiembre de 1991, el Obispo Pivarunas ha fundado y operado del Seminario Mater Dei en su parroquia en Omaha. Sus viajes se han vuelto necesariamente más extensos al visitar numerosas parroquias en los Estados Unidos, México, Canadá y otros lugares, para administrar la Confirmación y para ordenar. El Obispo Pivarunas ha trabajado sin fatiga hacia la unidad entre los católicos tradicionalistas en estos tiempos de confusión y error. Desde su consagración, hace ya casi siete años, ha proveído a la Iglesia con dos obispos, dieciocho nuevos sacerdotes, y ha administrado el sacramento de la Confirmación a varios miles de niños y adultos a través de los E.U., México, Canadá, Nueva Zelandia, Sudamérica, y Europa. él ha, verdaderamente, actuado en conformidad con el lema que tomó para su episcopado: Animam pro ovibus ponere (Dar mi vida por las ovejas). Viajar una milla extra por alguien en necesidad es su modo de vida; no conoce otro.

Monsenhor Mark Pivarunas no Brasil.


Graça e paz da parte de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo e de Sua Mãe Maria Santíssima.

Grande alegria sentimos neste momento em que, após tantas tribulações e desertos de aridez, Deus Nosso Senhor nos dá a graça de termos em nosso meio a presença de um insigne antístite católico, S. Excia. Revma. Mons. Mark Pivarunas, CMRI, para pregar um retiro espiritual. Juntamente com ele virão dois sacerdotes: Pe Mckee (USA) e Pe Espina (Argentina). Receberemos também um irmão que virá de Portugal: Araí Daniele.

O Sr. Bispo virá dos Estados Unidos para administrar sacramentos na Argentina. De lá sairá no dia 8 de dezembro de manhã e o Dr. Homero Johas irá recebê-lo no aeroporto. No mesmo dia o Bispo e os padres, juntamente com outros irmãos do Rio de Janeiro, chegarão a Volta Redonda para a celebração da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. Já temos a confirmação do pessoal de São Paulo, Goiás, Minas e Paraná.


Estamos por confirmar o local e os horários, mas temos em mente que a diária do sítio deverá custar 25 R$. Todos os que desejarem obter maiores informações devem escrever para os seguintes e-mails:

fernandosedvac@hotmail.com
m.parusia@ig.com.br

Se desejarem, escrevam ou liguem para o escritório do Rio:

Av. Padre Leonel Franca, 90 apto 401
Gávea, Rio de Janeiro.
Tel: (21) 2274-3820

O que é certo é que os irmãos deverão se dirigir para a Rodoviária de Volta Redonda. De lá tomaremos outro ônibus para o local do retiro. O retiro prosseguirá até o dia 11 de dezembro. Os que desejarem se confessar recomendamos que tragam de antemão um exame de consciência escrito, para facilitar o entendimento dos padres. Na ocasião também haverá crismas e batismos sob condição.Pedimos a todos que rezem nesta intenção.

Instaurare omnia in Christo

Fernando Henrique Lopes +

A alienação fatal da Palavra do Pai - Parte I


(por Araí Daniele)

A voz dos Papas católicos

Fátima, 2008

- Pro Roma Mariana -



Crise de valores ou negação de princípios? A crise que degrada a sociedade contemporânea é geral e profunda, atinge a família, o estado e a economia. Onde não há guerras iníquas há violência e corrupção infrene. Convive-se com a imoralidade e o delito. Nunca a autoridade foi tão necessária, nunca esteve tão ausente. Jamais houve meios de controle tão eficazes, e no entanto jamais os governos estiveram tão desorientados.


No plano dos fatos essa tendência moderna a substituir a ordem natural por uma nova ordem redunda em uma calamidade: não há mais como recorrer à autoridade, nem mesmo revolucionária, para conter desordens nacionais e massacres internacionais.


Negada a origem divina da ordem e da autoridade, o poder humano não se emancipou, mas degradou-se. - Se não há Deus, tudo é permitido - Ignorando Deus, que é o Princípio transcendente do Bem, a distinção entre o bem e o mal torna-se mendaz. Eis a causa do descalabro atual.


Ora, os seres humanos devem comprender a causa da própria desordem moral para poder saná-la. Como devem entender a relação causa-efeito entre a crença em Deus e a ordem social? Porque é que ignorando o Princípio transcendente do Bem torna-se quase impossível distinguir entre o bem e o mal que concernem a vida humana? A razão está no fato que o bem de cada coisa é conexo com a sua razão de ser, com o seu fim. Ora, como pode o homem conhecer com certeza o seu bem último, desconhecendo o fim de seu existir? E se não conhece por si mesmo a razão de sua vida como pode estabelecer autonomamente um critério de bem e de mal? Para fazê-lo deverá necessariamente recorrer à Palavra de Quem o criou, como tudo mais, para um fim.

Eis que a ordem humana é ligada diretamente à Palavra revelada.


Os homens podem distinguir um bem de um mal imediato, ma diante do bem ligado ao fim da sua vida podem saber somente o que lhes foi revelado. Se, ao contrario, seguirem idéias progressistas, o que hoje pode parecer bom amanhã pode demonstrar-se deletério. Quem nega a transcendência do Bem, a existência da verdade absoluta, priva-se do também do critério essencial para distinguir entre o bem e o mal. Envereda pelo beco sem saída da confusão entre o real e o imaginário, entre o verdadeiro e o falso. A negação de Deus aplicada à vida social leva a uma forma de governo em que as leis se reduzem a experiências derivadas de opiniões e a política, como a justiça, torna-se terreno de conflitos partidários, sem fundamento nos problemas reais da gente.


Ora, os princípios que regulam o comportamento humano estão no nível da consciência. É aí que o ser humano, dotado de livre arbítrio, recebe a Verdade que o transcende ou a recusa em favor de uma visão pessoal promovida à verdade objetiva. É à partir da consciência que cada um pode seguir o caminho da ordem revelada, ou usar da própria liberdade para enveredar por outros caminhos, indiferente ao Bem.


No estado de consciência amadurece toda decisão humana, que é essencialmente uma escolha em relação ao bem e ao mal: dentro das próprias consciências se formam as normas para o bem agir; são iguais para todos, são imutáveis, ali gravadas por Deus mesmo.. Por conseguinte, a vida social está ligada duplamente às consciências. Se de um lado ela decorre dos atos suscitados pelas consciências, de outro lado ela deve ter por fim mais elevado o progresso do conhecimento e dos meios para a melhor ação das cosciências. Em suma, a vida social tem por base e por fim o desenvolvimento das consciências pessoais. A questão da formação das consciências apresenta-se como complexa mas pode ser sintetizada em duas atitudes fundamentais. Neste processo a característica essencial é a liberdade das pessoas.
O que guia as consciências no bem melhora a vida social, o que as desvia do bem leva cedo ou tarde a vida pessoal e social à desordem e à degradação. Neste sentido, o ateismo demonstra ser não só um problema religioso mas uma desordem humana cujas consequências são deletérias para a sociedade.Não são essas acaso as normas elevadas pelo Cristianismo? O fato é que a sociedade presente, defraudada da ordem cristã, se perde num labirinto de contradições em que se vão perdendo os verdadeiros valores e a razão da vida pessoal e social.

Esses valores dizem respeito ao homem, sua origem, seu estado no mundo e seu fim último. É a ordem do ser, isto é, dos princípios que regem a Lei natural, defendida pela Igreja católica, que ensina a Palavra divina como fundamento das leis humanas, como chave da salvação.

Foi na certeza desses princípios e dessa ordem que a Civilização cristã floresceu e se difundiu pela Terra. Os seus ideais são ordenados por uma hierarquia de valores que elevam o homem guiando-o ao seu fim. As idéias de bem, de belo e de veraz, projetadas na eternidade, elevam os valores terrenos e transcendem os interesses materiais e as esferas temporais: pertencem à ordem da Fé.

O homem é naturalmente teocêntrico: sua mente foi criada para a verdade que a transcende. Assim como a vista, o ouvido, e todos os sentidos, serve menos à percepção de si mesmo que à do mundo exterior, a mente perscruta o espaço à nossa volta. O centro de percepção nos é interno, mas transcendente é o que busca a nossa mente: a causa e o fim do que existe: Deus. Se a inteligência humana perde esta razão, ela se vê incapaz de circular fora de si mesma. Eis a alienação da hora presente, especialmente para os jovens, cuja crise existencial não é superável com valores de ordem material.

O dilema existencial de um jovem hoje só difere em grau dos de qualquer ser humano de qualquer tempo. Somos livres para abraçarmos a Verdade na ordem do ser, usando a chave da Palavra divina, mas também para rebelar-nos, pondo a nossa liberdade acima da Verdade. Foi o caso da rebelião original. E dela derivam todas as outras, que multiplicaram-se e reforçaram-se sob influências obscuras que visam a um antropocentrismo que rejeita a ordem divina. Eis o que é a rebelião, por trás de todas as revoluções em prol de uma nova ordem antagônica ao verdadeiro princípio da ordem e da autoridade: Deus mesmo. Consequência da tentação original, essa Revolução está para a humanidade como a rebelião está para os indivíduos. Só há dois caminhos na vida do homem e da sociedade: Cristianismo ou Revolução. De um lado a dura subida para a edificação pessoal segundo a Palavra divina; do outro a estrada larga da confusão humana.


Os dois caminhos da consciência - A ordem cristã quer o homem novo que, segundo a Escritura sagrada, é de origem rebelde, mas renasce em Jesus Cristo. A Revolução, ao contrário, instiga o rebelde com idéias progressistas, segundo as quais todo homem nasce bom mas foi corrompido pela sociedade. Este bom selvagem (Rousseau) deve assim procurar o bem na revolta social e no progresso para restabelecer o liberto primigênio, que é o velho homem do Evangelho.A Revolução mira, portanto, abater a ordem cristã, que impede a evolução do homem original. Recorre pois à clava para demolir as bases do pensamento tradicional, bastiões mentais e morais da Lei que é a chave da Civilização cristã. Poderá então apresar a Igreja e os cristãos para obrigá-los a uma reeducação segundo a utopia evolutiva.

A Cristandade, atacada no curso dos séculos e especialmente depois da Revolução francesa, foi aluída nos nossos dias por um aggiornamento clerical. Isto foi possível porque a hierarquia eclesiástica, cujo dever precípuo é preservar a Fé e defender a Cidade cristã, deixou-se seduzir pelas utopias dos modernistas aliados com os poderes terrenos. Nos anos sessenta, então, a contestação social e estudantil, na onda de uma campanha de desdém pelos princípios cristãos, gerou uma alienação entre a vida civil e a vida espiritual, entre o pensamento e a verdade, entre o homem e Deus.


Desde então, com a descristianização do mundo, avança o processo de inversão dos valores sociais, que encontram o seu lógico desenlace num próspero satanismo. A Revolução, tendo concretizado o seu plano de demolição da Cristandade, substitui os sistemas violentos por métodos culturais que apartaram o pensamento da moral. Mas os seus ideólogos ignoravam o efeito boomerang que a nova desordem na esfera religiosa acarreta para os homens: é qualquer coisa de devastador também no plano moral e mental. E 1960 é uma referência histórica para a Mensagem de Fátima, porque então a sua terceira parte seria mais clara.

De fato a transformação mais surprendente nesse período deu-se na Igreja católica, isto é, o aggiornamento conciliar que acolheu as idéias e passou a usar os termos do já condenado modernismo, por exemplo:
- O humanitarismo que, pregando a chamada civilização do amor, põe o homem no centro de tudo. A verdade estaria sempre mudando com a evolução do próprio conceito de verdade, e seria tão mutável como a idéia de bem. Mas podem as dúvidas que confundem as noções de bem e de mal conduzir ao verdadeiro amor pelos outros? É possível querer o bem sem uma clara noção de Bem e de Mal?

- O democratismo exaltado por esse humanitarismo, que, não apoiado na noção de Bem, tem como único norte a utópica evolução da consciência que, amadurecendo, se torna emancipada. O bem passaria a ser o progressso e a revolução, perseverando numa ordem democrática para a qual os princípios contam menos que opiniões. Assim, todas as questões humanas, mesmo se subordinadas às normas divinas, seriam objeto de escolhas democráticas, da preferência das maiorias.


O exemplo mais clamoroso é o do aborto, proibido pela lei de Deus, mas aprovado pelas leis democráticas de muitos países. A verdade cede assim o passo às ilusões e a moralidade às sensações sob os ditames de uma obscura vontade popular. Mas não é justamente da manipulação das vontades por poderes ocultos que o homem e a sociedade precisam libertar-se? De fato a novidade inoculada pelo modernismo no clero e depois pelo Vaticano II no povo de Deus é uma contrafação religiosa que vem agravar essa manipulação com a desculpa de resolve-la.



A questão do aborto serve de exemplo para explicar o engano. Quando surgiram processos politicos que justificavam crimes como o aborto na sociedade humana a Igreja condenou o processo. O crime em sí já é condenável. A novidade da hora presente está no engano do processo revolucionário que leva os fiéis a decidir sobre o crime, isto é a votar sobre o aborto. Ora, até mesmo votar contra o aborto, como se fosse lícito pronunciar-se sobre a Lei divina, é intrínsecamente errado. O fiel deve pois rejeitar esse democratismo fundado sobre o falso princípio de uma vontade popular que se arroga o direito de decidir da supressão da vida humana, hoje no seio materno, amanhã segundo a vantagem geral. Nesse falso princípio geral, mais que num crime particular, reside o verdadeiro mal; ele é matriz de crimes ignóbeis.

Eis a descrição de alguns dos enganos gravíssimos do modernismo, que foram condenadas pela Igreja até os anos cinquenta, mas que hoje dopam a humanidade e até o mundo católico como um ópio dos povos.


Os erros revolucionários levam os homens a alienar, com as verdades existenciais, suas próprias almas. Destes erros e de suas consequências terríveis falou Nossa Senhora de Fátima, mas a sua Mensagem não foi ouvida.


Os Papas condenaram o processo revolucionário, inclusive o modernismo, como perversos, porque, em todas as suas variações, se opõem à verdade e ao bem da humanidade, rompem a ordem dos princípios divinos acarretando toda uma série de horrores com sua intrínseca desumanidade. A abissal inimizade entre tal espírito e o catolicismo, está descrita nas palavras pronunciadas por Pio XII (disc. à ACI, 12/10/52):

"Ele encontra-se em toda parte e no meio de todos; sabe ser violento e subreptício. Nestes últimos séculos tentou operar a desagregação intelectual, moral e social da unidade no organismo misterioso de Cristo. Quiz a natureza sem a graça; a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; por vezes a autoridade sem a liberdade. É um 'inimigo' que tornou-se cada vez mais concreto, com uma falta de escrúpulos que deixa ainda atônitos: Cristo sim, a Igreja não. Depois: Deus sim, Cristo não. Finalmente o grito ímpio: Deus morreu; aliás: Deus nunca existiu. Eis que a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que Nós não hesitamos em apontar como as principais responsáveis pela ameaça que pende sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus.


O 'inimigo' empenhou-se e empenha-se para que Cristo seja um estranho nas universidades, nas escolas, nas famílias, na administração da justiça, nas atividades legislativas, no consenso das nações, onde determina-se a paz ou a guerra. Ele está corrompendo o mundo com uma imprensa e com espetáculos, que eliminou o pudor nos jóvens e destroem o amor entre os esposos; inculca um nacionalismo que só pode conduzir à guerra".

Pio XII via, já então, este processo tão avançado ao ponto de considerar inútil "ir ao seu encontro para bloqueá-lo e impedí-lo de semear a ruína e a morte". Considerava mais urgente "vigiar, orar e operar, para que o lobo não penetrasse no redil para capturar e dispersar a rebanho". Depois da sua morte, porém, tal espírito, que é a Revolução de sempre em veste modernista, abriu as portas do Vaticano.


Este espírito de abertura para o mundo é reconhecível nos conciliares. Como? Porque estes ao contrário dos Papas, declaram que o processo revolucionário, civil e religioso, é animado por um espírito profundo e generoso que prepara a fraternidade universal.



Uma revolução clerical? Se o processo revolucionário tem em mira a extirpação da idéia de Deus na sociedade como poderia atingir o sacerdócio? Ora, não há novidade histórica nisto; quase todas as heresias e cismas surgiram justamente entre os homens do hábito. Na verdade a rebelião humana e depois a Revolução, têm por paradigma a rapina de um bem proibido e impossível: a dignidade absoluta do homem - sereis como deuses! Ora, deuses não são sujeitos ao mal. Põe-se pois a questão da causa do mal.


O espírito da Revolução exalta a dignidade humana e nega a responsabilidade do homem pelo mal inerente à sua queda. Atribue o mal a poderes que limitam o homem, portanto implícitamente a Deus, à Sua Igreja ou ao Cristianismo. O homem, liberando-se de tais vínculos, evoluiria no conhecimento do bem, no domínio do universo e do próprio destino, vencendo autonomamente o mal. Mas a Revolução para atingir a sua meta final, que é seduzir toda a terra, precisa revestir-se do aspecto de uma autoridade universal que batize o processo revolucionário. Em uma palavra precisa introduzir a rebelião no plano religioso.


Um pronunciamento clerical a favor de um direito do homem à liberdade religiosa devido à sua dignidade absoluta, que é revindicação do direito de decidir sobre os princípios que regulam a vida humana, e é assim negação implícita da decadência humana, é revolução trazida para o plano religioso; e esta avulta quando assume aspecto conciliar, do poder de magistério, como no caso do Vaticano II.


É possível reconhecer uma tão obscura e espantosa transformação no espírito religioso? São as palavras da mesma hierarquia conciliar a revelá-lo, porque não casualmente, mas regularmente, ao contrário do que ensinam os Papas, reconhecem o ideal generoso das revoluções e profunda religiosidade em Lutero e consideram os frutos nefastos da Revolução, as perseguições, genocídios, descristianização do mundo, imoralidade social, como o resultato de erros humanos normais, como acidentais e não intrínsecos ao processo revolucionário. E até acham que a revolução, pela solidariedade social promove a instauração de uma nova ordem de justiça, paz e progresso, conforme à dignidade humana: a inspiração cristã que teria sido descurada pelos católicos!


Que resultado esta revolução clerical produziu no mundo?


Ora, uma sociedade não pode subsistir com uma noção falsa da natureza, do estado atual e do fim último do seu elemento constitutivo: o homem. Um povo desviado de seus princípios vitais perde a capacidade de reconhecer e enfrentar toda problemática social, que não pode ser esclarecida pelas filosofias, incapazes de chegar às fontes da vida, mas antes pelo Verbo de Quem é vida. A sua Lei guia a vida humana e revela o desenlace da história, que é um combate acirrado entre a Verdade e o espírito rebelde. As rebeliões, crescidas e multiplicadas no mundo, dão poder à Revolução, cujo lema é o metafísico non serviam. Mas poderia esta ter alcançado tal penetração mental, subvertendo o mundo católico, sem ter atingido antes os vértices da Igreja? Eis que a decadência clerical é a mais devastadora, também na ordem temporal. Ela leva os fiéis a votar por exemplo contra o aborto, sem perceber que assim fazendo sobrepõem a soberania popular à vontade divina.

Ovelhas sem Pastor - segunda parte.

Santa Igreja Romana Católica Una Excelsa Divina e Imortal. Apesar da grande apostasia os seus filhos estão aqui.




Não devemos, portanto, ter o menor receio de combater, e ardentemente, os ‘bispos’ hereges de nosso tempo (uma tal CNBB, por exemplo…), por medo de que eles nos excomunguem, por exemplo. Eles, traindo a fé, já não têm poder algum, não podem nem nos abençoar nem nos excomungar.



“A sentença de quem já se manifestou como devendo ser deposto, não pode depor a quem quer que seja” (Papa São Celestino I – Carta a João, bispo de Constantinopla).



“Quem, por seus ensinamentos, cometeu defecção na Fé, não pode depor ou expulsar a quem quer que seja” (o mesmo S. Celestino I – Carta ao clero de Constantinopla).



O Papa São Martinho I chegou a lançar o anátema sobre quem admitisse como válidas as sentenças de ‘bispos’ hereges: “Se alguém tem por condenado ou deposto os condenados ou depostos temerariamente por eles (…), e se não julga que eles são ímpios, e que nisto os seus juízos são detestáveis e suas sentenças vazias, inválidas, sem força, execráveis, profanas e reprováveis, – seja anátema” (D. S. 520).



Em Deuteronômio XVII, 15, Deus ordena ao povo eleito – prefiguração da Santa Igreja: “Um dos teus irmãos é que estabelecerás como rei sobre ti. Não poderás nomear um estrangeiro”. Assim também, na Igreja, os estrangeiros, os de fora, isto é, os hereges, não podem reinar.



Em 15 de fevereiro de 1559, o Papa Paulo IV publicou a bula Cum ex Apostolatus, declarando formalmente que, pelo delito de heresia, qualquer autoridade da Igreja perde imediatamente o seu cargo, sem necessidade de qualquer processo jurídico prévio, ficando aos fiéis a obrigação de afastar-se inteiramente da obediência a essas autoridades inválidas.



A impossibilidade total de um herege ser uma autoridade válida na Igreja, se estende, logicamente, ao Papa. Se este cai em heresia, deixa de ser papa válido ou, no caso de um herege ser eleito papa, essa eleição não produz o seu efeito. Lógico, pois como poderia o membro principalíssimo da Igreja ser um não-membro dela? Como se conciliaria a indefectibilidade da Igreja, com a possibilidade de um herege tornar-se o seu Chefe Supremo, seu Fundamento, seu Mestre Infalível, seu Pastor Universal? Um herege infalível?!



Se a fonte primeira do Magistério estivesse envenenada, claro está que a Igreja não seria indefectível. Se o olho da Igreja estivesse em trevas, claro está que ela já não seria coluna e fundamento da Verdade. Se um cego guiasse a Igreja, ambos cairiam no mesmo abismo. Logo é impossível que um herético seja Papa válido. Se um herege pudesse reinar validamente sobre a Igreja, as portas do inferno teriam prevalecido sobre ela.



A propósito, tratando de defender a infalibilidade papal, Santo Afonso de Ligório escreve:
“Os nossos adversários objetam com o cânon ‘Si Papa’, no qual o papa S. Bonifácio mártir, declara que o Soberano Pontífice não deve ser julgado por ninguém, a menos que ele seja depreendido como desviado da Fé (Cap. 6, dist. 40). Nossos contraditores argumentam: ‘Se o papa é capaz de cair em heresia, ele não pode ser infalível’. Respondemos: Se ele cair em heresia como pessoa privada, estaria privado do Pontificado no mesmo instante, porque não poderia ser cabeça da Igreja estando fora dela. (…) Dissemos: Se o papa caísse em heresia como pessoa privada, porque, enquanto papa, dando ensinamentos ex cathedra à Igreja Universal, ele não poderia ensinar nenhum erro contra a Fé. Isso, porque a promessa de Cristo não pode deixar de realizar-se. As portas do inferno não prevalecerão jamais contra a Igreja. Devemos recordar a sentença de Orígines: ‘Se as portas do inferno prevalecessem contra a pedra sobre a qual a Igreja está construída, elas prevaleceriam também contra a própria Igreja’” (Santo Afonso de Ligório, citado por Homero Johas, op. cit., p. 77).



Nosso Senhor diz a Pedro: “Orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos” (Lc XXII,32). Se vemos alguém que, apesar de vestir-se de papa, está com a fé desfalecida, cambaleando nas trevas da heresia, é sinal certo de que não é Pedro, não é papa de verdade. Só quando convertido é que Pedro pode confirmar seus irmãos, e um herege nem está convertido, nem é nosso irmão na Fé.



E não se diga, como alguns pensam erroneamente, que Cristo supriria o poder de jurisdição dos bispos e do Papa caídos em heresia, porque na Igreja não existe nenhuma suplência de jurisdição ordinária, mas apenas uma suplência restrita à administração de certos sacramentos, em estado de necessidade grave. Assim, por exemplo, em perigo de morte mesmo um padre excomungado pode absolver validamente, suprindo a Igreja, para aquele ato e naquelas circunstâncias, a jurisdição que ele não possui. Além do que, essa hipótese de uma suplência do poder de jurisdição ordinária nas autoridades caídas em heresia, por Deus mesmo, geraria “uma ordem divina fictícia: o que foi perdido e não existe, mas seria mantido por Cristo, falsamente, como se existisse. Cristo enganaria os fiéis na ordem sobrenatural” (Homero Johas, O Concílio da Apostasia, Coetus Fidelium: Rio, 2004, p. 95).



Na prática, isso significa que jamais devemos reconhecer um herege como autoridade válida na Igreja, ainda que ele se vista de bispo ou de Papa…


Um herege se reconhece por suas palavras, suas atitudes e suas omissões, sem ser preciso que ele confesse explicitamente sua heresia – coisa que ele não fará se uma boa máscara de ortodoxia lhe for conveniente.
Agem como hereges, falam como hereges, escrevem como hereges, rezam como hereges, calam como hereges, e… não seriam hereges?! … Ou são hereges ou fingem sê-lo…



Vejamos a afirmação do canonista abaixo, que deixa claro que se pode apostatar de várias maneiras:
“Há um preceito divino, quer afirmativo, quer negativo, de professar a Fé (Cf. Rm X, 10).A. O preceito afirmativo obriga a atos positivos de fé:1. Toda vez que o silêncio ou o modo de agir implica a negação implícita da fé (…)B. O preceito negativo proíbe a negação da fé, quer direta, quer indiretamente, mesmo (que só) externamente:1. Diretamente se renega a Fé com palavras, sinais ou ações que, por sua natureza contêm a negação da Fé ou a profissão de uma fé falsa, por exemplo, dizer abertamente de não crer, usar insígnias maçônicas, atéias, etc.2. Indiretamente, quando se realizam atos ou omissões que, não por sua natureza, mas pelas circunstâncias, contêm de fato uma negação da Fé. Assim, por exemplo, renega a Fé indiretamente quem, interrogado sobre ela, se cala, enquanto outro afirma não ser ele católico; aqueles que freqüentemente assistem às funções religiosas dos não-católicos (…) etc” (Pe. Teodoro da Torre Del Greco [doutor em Direito Canônico], Teologia Moral, Paulinas:1959, p. 125-6).

E S. Tomás de Aquino diz:
“A fé implica não só a convicção íntima, mas ainda a declaração interna manifestada por palavras e obras exteriores (…) E também, deste modo, certas palavras externas e obras podem implicar a infidelidade, enquanto sinais desta, no mesmo sentido que se diz que estar são é sinal de saúde” (S. Th., 2.2ae., q. XII, a. I).



E um outro autor contemporâneo diz:
“ ‘Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos rapaces’ (Mt VII, 15). Tal é o aviso solene de Nosso Senhor Jesus Cristo acerca daqueles hereges que disfarçam seus erros pretendendo ser católicos fiéis. Alguns dos apologistas de Karol Wojtyla [e a fortiori de Joseph Ratzinger! (N. do T.)] parecem ter a impressão de que os católicos precisam tomar muito cuidado para evitarem rejeitar acidentalmente uma ovelha inocente que teve a infelicidade de estar vestida em pele de lobo, mas Nosso Senhor declara o oposto: Ele nos alerta a tomarmos cuidado até mesmo com hereges disfarçados (explicação de Cornelius a Lapide, ad locum), o que não seria possível se fôssemos incapazes de penetrar além do disfarce deles (’vestes de ovelha’) para reconhecer sua rejeição obstinada à fé da Igreja, a despeito de seus enganadores protestos de ortodoxia” (J. S. Daly, O Direito de Julgar a Heresia, tradução de Felipe Coelho a partir do texto inglês contido em http://strobertbellarmine.net/judgeheresy.html).



A Sagrada Escritura (Tt III, 10-11) manda, quando ainda restam dúvidas sobre se alguém é ou não herege, adverti-lo duas vezes. Se mesmo assim ele não remover os motivos de suspeita, cumpre tê-lo por herege. No caso de heresia manifesta as advertências fraternas nem seriam necessárias para se saber que ele é herege. E, como acima explicado, uma heresia pode ser manifesta também através de obras ou omissões. Assim, por exemplo, os absurdos ecumênicos do Sr. Karol Wojtila, obstinadamente repetidos apesar das inúmeras advertências a ele feitas pelos fiéis tradicionais, caracterizam heresia formal e pública contra o dogma de que fora da Igreja não há salvação. Karol Wojtila, portanto, quer por seu ecumenismo, quer por muitos outros motivos, era herege, e, pois, de modo algum era papa válido. Não se trata, é claro, de julgar o interior da consciência do herege, mas de reconhecer o fato concreto de que tal pessoa traiu a Fé.



Diante de todas estas considerações, o que resulta, logicamente, é que, nos dias atuais, muitos homens que se apresentam como autoridades da Igreja, na realidade, não o são. Além de alguns ‘papas’ inválidos (desde o ‘Vaticano II’ até hoje), inúmeros são os ‘bispos’ e ‘párocos’ também inválidos, por serem, concretamente, hereges. Privados, pois, das graças de estado e de todo poder de jurisdição, contaminados pelo veneno das heresias, mas insistindo em se apresentar como ‘autoridades católicas’, esses sujeitos tornam-se verdadeiras pedras de tropeço no caminho da salvação das almas. Hoje, como naquele tempo, Nosso Senhor olha as multidões e se compadece, porque estão como “ovelhas sem pastor” (Mt IX, 36), iludidas por falsos pastores. Isso explica também a grande desordem que reina entre as almas atualmente, pois, como reza a profecia, “ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão” (Mc XIV, 27).



Modernismo e liberalismo são heresias. E inúmeros são os ‘bispos’ e ‘padres’ modernistas e liberais, hereges portanto, excomungados latae sententiae portanto, sem qualquer autoridade válida portanto.



Lembremo-nos das palavras de Nossa Senhora em La Sallete: “Roma perderá a fé, e se tornará a sede do Anticristo”. A primeira parte dessa profecia já se cumpriu: a Roma do conciliábulo de 62 apostatou. Quando vem o Anticristo? (…)
Qual a atitude, então, que devemos tomar para com os ‘bispos’ hereges?
Ser obedientes e submissos a eles?
Não, de maneira alguma!
Obedecer a lobos é cooperar com a matança das ovelhas. É preciso enxotar os lobos a pauladas, e não ir ajoelhar-se aos pés deles…
A obediência a ‘bispos’ hereges é uma desobediência e traição à Igreja.



“Detesto a assembléia dos maus (leia-se CNBB) e com os ímpios não me assento” (Sl XXV, 5).



“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, seja anátema. Como já vo-lo dissemos, agora de novo o digo: se alguém vos anunciar um Evangelho diferente do que recebestes, seja anátema” (Gal I, 8-9).



“Foge do homem herege, depois da primeira e da segunda correção, sabendo que tal homem está pervertido e peca, estando é condenado pelo seu próprio juízo” (Tt III, 10-11).



“Se alguém vem a vós sem ser portador desta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis. Aquele que o saúda participa de suas más obras” (II Jo I, 10-11).



“Guardai-vos dos falsos profetas…” (Mt VII, 15).



São, pois, estas as atitudes que devemos adotar em relação às ‘autoridades eclesiásticas’ caídas em heresia e inválidas portanto:



1. Jamais realizar nem mesmo o menor ato de obediência a esse falso clero, mesmo quando o que mandarem for bom e lícito, pois eles não têm poder algum para mandar seja o que for;
2. Declarar publicamente nossa absoluta não subordinação a esses falsos papas, falsos bispos e falsos párocos;
3. Jamais dar a estas falsas autoridades os títulos honoríficos de costume para com o clero. Assim, por exemplo, jamais dizer “Dom João Wilk”, mas apenas “Sr. João Wilk”; Também não pedir-lhes a benção ou beijar-lhes a mão, nem dispensar-lhes qualquer honra como se faz ao clero católico;
4. Jamais assistir às missas rezadas por eles;
5. Nunca receber qualquer sacramento das mãos deles, salvo em perigo de morte e não havendo um padre católico à disposição;
6. Não dar nenhuma espécie de dízimo a eles;
7. Fazer todo o apostolado que pudermos, sem nunca pedir-lhes qualquer tipo de autorização e sem incomodarmo-nos minimamente com qualquer proibição emanada deles;
8. Desprezar em absoluto qualquer ‘excomunhão’ que eles pronunciem contra nós;
9. Desmascará-los diante dos fiéis, levando o maior número possível de almas a se retirarem da obediência a essas falsas autoridades;
10. Jogar ao lixo os quadros representativos dessas falsas autoridades (esses quadros que costumam ser expostos nas sacristias e nas casas);
11. Mandar cartas a esses falsos papas, falsos bispos e falsos párocos, corrigindo-os de seus crimes contra a Fé e incitando-os a se converterem ou deixarem de se apresentar como autoridades da Igreja, coisa que eles não são;
12. Rezar por esses lobos heréticos, para que se convertam e escapem às chamas do inferno, pois, como diz o Credo Atanasiano: “Quem quiser ser salvo, deve, antes de mais nada, professar a Fé Católica”;
13. Apoiar os bispos e padres fiéis que restaram, e motivá-los a criarem centros de resistência e combate à falsa igreja do conciliábulo de 62 (apelidado de “Vaticano II”), ou seja, criar capelas tradicionais públicas, que realizem todas as funções normais de uma paróquia, mas sem qualquer vínculo com a igreja herética do ‘Vaticano II’, capelas absolutamente independentes dos ‘bispos’ hereges.



Essas e outras atitudes são as que devemos adotar em relação à falsa religião que, desde o conciliábulo de 62, se apossou das antigas catedrais e paróquias católicas, inclusive das basílicas de Roma. Não nos assustemos com isso. Como diziam os católicos despojados de seus templos pelos arianos no século IV: “Eles têm os templos. Nós temos a Fé”.


Em outros artigos continuaremos a desenvolver o assunto.
Sempre no amor à Santa Igreja,




Rodrigo Maria Antônio da Silva.
A. M. D. G. V. M.

Corção não tem “papas” conciliares na língua


Destacamos aqui alguns textos de um dos maiores escritores católicos que este país já teve. Isto fazemos para que seu pensamento não seja ofuscado pela Sinagoga de Satã que ronda os meios católicos...


Realmente, agora, Corção não tem mais “papas” conciliares na língua. Ele, em março de 1975, escreve contra o ponto nº55 da Gaudium et Spes:

Creio, pois, não exagerar se tomar as palavras de São Pio X para dizer que vejo com temor e tremor esta Nova Igreja formada pela federação das Igrejas Particulares, que quer ser presidida (não governada) pelo mesmo papa da Igreja Católica. Voltarei a falar dessa Nova Igreja Reformada dentro da qual não quero viver nem morrer e cujos pronunciamentos denuncio e repilo como não católicos.


Corção também protestou contra a interferência de Montini (Paulo VI), que procurou impedir a execução de cinco terroristas comunistas espanhóis que haviam assassinado um policial. Montini na ocasião, em contrapartida, não dera uma palavra sequer sobre a execução de cinco pessoas que haviam desfalcado a URSS:

Eu não aceito como católicas, como verdadeiras, como pronunciadas em são juízo, as palavras que acabamos de ler... Repito com todas as letras e procuro ser o mais claro possível: o escritor G.C., conhecido por sua obstinação católica, recusa acatamento a toda essa trama de comunicações que se inculcam como centradas na Igreja e no Papa... Um Papa católico não pode dizer tantos disparates como esses... Temos aqui um exemplo de intolerável aberração, diante da qual não há título, paramento ou Tiara que possa manter intacta a autoridade.* Por mim, não posso crer que tais palavras foram realmente pronunciadas por um Papa católico.

22/1/1976 – Contrastes e Confrontos – Gustavo Corção.


Contra as mudanças na Sagrada Liturgia, escreveu Corção:

“Será preciso dizer aos nossos leitores que, no atual calendário da liturgia alterada, reformada ou deformada, “para se acomodar à mentalidade contemporânea” da Igreja pósconciliar, foi suprimida a festa do Preciosíssimo Sangue?... Ao menos resta-nos um proveito nesta supressão da data litúrgica escolhida para a comemoração do Preciosíssimo Sangue. Que proveito? O de tornar cada dia mais evidente que a chamada igreja pósconciliar opõe-se sistematicamente à Tradição Católica, colocando os fiéis numa alternativa estapafúrdia: recusar as novidades que vêm de Roma ou acatar todos os atos, ditos e feitos do papa reinante e, para isso, renegar o Depósito Sagrado e os ensinamentos que a Igreja, por seus duzentos e cinqüenta e quatro Papas** nos legou, como tão bem disseram os Cardeais Ottaviani e Bacci no Breve Exame Crítico do Novo Ordo***, dirigido a Paulo VI no dia de Corpus Domini de 1969. Eles disseram que as reformas litúrgicas pós-conciliares “...põem cada católico na trágica necessidade de escolher””.

Gustavo Corção, julho de 1978.
________________________________
Notas:

*Percebemos aqui como Corção já enxergava com nitidez - e vejamos que a Doutrina Católica sobre a vacância ainda não era totalmente conhecida dele - que Paulo VI não possuía a autoridade papal. Ele demonstra claramente que autoridade alguma poderia subsistir, ainda que com Tiara e paramentos, como Romano Pontífice e aliado dos comunistas ao mesmo tempo. Corção confidenciou diversas vezes ao Dr. Johas que considerava a Paulo VI como sendo claramente herético. laramente herderava a Pulo VI como sendo om toda certeza assumido a posiçe com Tiara e paramentos, como Romano paontSe tivesse vivido mais alguns anos teria, com toda certeza, constatado a vacância da Sé Apostólica.




** 260 Papas. O último foi Pio XII, que faleceu em 1958.




***Todos nós sabemos muito bem que foi o dominicano sedevacantista, Pe Guerárd de Lauriers, quem redigiu para os Cardeais Ottaviani e Bacci o Exame Crítico citado por Corção. Assim também, fato que procura ser abafado pelos meios lefebvristas, quem escreveu o Manifesto de 1983, dirigido a João Paulo II e assinado por Dom Lefebvre e Dom Mayer, foi o Dr. Homero Johas. Há fotos que comprovam isso. Ele era o único leigo presente na ocasião.

PEQUENO CATECISMO SOBRE A IGREJA E A SITUAÇÃO ATUAL




P: Mas já ocorreu na História da Igreja o caso de algum Papa incidente em heresia?
R: Tal doutrina foi aplicada, de modo certo, pelo Magistério universal da Igreja, ao caso concreto singular do papa Honório I:
-Consta da Profissão de Fé papal (Fides Papae) do Líber Diurnus Romanorum Pontificum, nº 84.
-São Leão II condenou Honório como herético (D.S. 563).
-Adriano I também, no VII Concílio.
-Adriano II também, no VIII Concílio (J. Alberigo, Conc. Oecum. Decreta).


P: Mas Nosso Senhor não disse que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja?

R: O símbolo da Fé é o fundamento firme e ÚNICO sobre o qual as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja. (D.S. 1500)


P: Como saber se a "hierarquia” do Vaticano II é ou não católica?R:Ensinou o papa São Celestino I: “Não temos por católico o que for contra o já fixado.”


P: É necessaria alguma declaração para que um Papa incidente publicamente em heresia perca o cargo?

R: Ensina Paulo IV, confirmando o que a Sé Romana sempre ensinou, que a perda do cargo se dá "ipso facto", no ato público do antes Papa agora "a fide devius" (desviado da Fé). Não é necessária nenhuma declaração posterior (sine ulla declaratione).


P: Mas a Igreja não ensina que ninguém na terra tem poder para julgar o Papa?

R: Sim, isto é ensinado pela Igreja, porém é referente ao Papa no exercício do cargo, isto é, enquanto católico. Bonifácio VIII traz a palavra de São Paulo: “Spiritualis homo judicat omnia; ipse autem a nemini judicatur” (1 Cor 2,15; D.S. 873). Inocêncio III ensinou para os fiéis o direito de julgar a um papa infiel: “Tendo eu só a Deus por juiz nos outros pecados, só no pecado que eu cometesse contra a Fé, poderia eu ser julgado pela Igreja”. E refere a causa, o juízo divino: “porque quem não crê já está julgado” (Jo. 3,18).
(P.L. 27,656s; IV Sermão sobre o Romano Pontífice).

E o “criterium veritatis” para isso é a unidade visível de Fé dessa pessoa com as Escrituras, a Tradição e o Magistério dos Papas e Concílios, de toda a Igreja Universal, em todos os tempos. O herético, “separado” dele, não é o juiz do fiel; é o inverso: o fiel é que é o juiz do herético e até dos anjos infiéis. São Paulo anatematiza tal doutrina que faculta ensinar “além do recebido” (Gal. 1,8-9). O Concílio de Éfeso ensinou que o antes Superior, incidente em heresia, “estará subordinado” (subjacebit), ao antes inferior ortodoxo.


P: Mas o Vaticano I não ensina que o Papa é infalível?

R: Nem ao Papa Deus tira o livre arbítrio, como não tirou dos anjos. O Concílio se refere ao Papa enquanto pessoa pública, portanto, fiel; submetido ao magistério de seus predecessores, e não à pessoa privada.


P: Se estes Papas fossem verdadeiros, segundo o Magistério, poderíamos negar-lhes obediência?

R: Não. Se estes Papas fossem verdadeiros deveríamos para com eles, segundo o magistério da Igreja e não segundo opinião de teólogos, "inteira submissão” (Unam Sanctam), NÃO SOMENTE no que se refere à Fé e à Moral mas também à DISCIPLINA e ao REGIME DE GOVERNO (Vaticano I).

Ovelhas sem pastor











“Eis que o inimigo antigo e homicida se ergueu com
veemência, transfigurado em anjo de luz (…) Ali,
onde está constituída a Sede do beatíssimo Pedro
e Cátedra da Verdade para iluminar os povos,aí
colocaram o trono de abominação da sua impiedade,
para que, ferido o Pastor, se dispersassem as ovelhas”
(Ritual do Exorcismo publicado por Leão XIII).


É impossível que um bispo caído em heresia continue a ser, validamente, uma autoridade da Igreja. Só é membro da Igreja quem, dentre outras condições, crê integralmente na doutrina católica. Donde o delito de heresia (não crer em alguma verdade da doutrina católica), por sua própria natureza, separa da Igreja aquele que o comete. O herege é, essencialmente, um não-membro da Igreja, ainda que, porventura, quisesse se disfarçar de católico.
Os bispos, por sua vez, são os membros principais da Igreja (Pio XII, Mystici Corporis, D.S. 3804). Sucessores dos Apóstolos, eles possuem a plenitude do sacerdócio e têm uma verdadeira autoridade sobre suas dioceses, embora subordinada à autoridade papal. A própria permanência da Igreja neste mundo como que se confunde com a permanência do episcopado: em termos de membros, tudo o que a indefectibilidade da Igreja exige, necessariamente, é que subsista ao menos um bispo fiel, de tal modo que, se morressem ou apostatassem todos os leigos, se morressem ou apostatassem todos os padres, se morressem ou apostatassem quase todos os bispos, sobrando apenas um bispo fiel, a Igreja teria sobrevivido a essa catástrofe, e esse único bispo, convertendo outras pessoas e fazendo as ordenações necessárias, poderia repor, aos poucos, todas as perdas.

Ora, sendo os hereges não-membros da Igreja, e sendo os bispos os membros principais da Igreja, é impossível que alguém seja bispo e herege ao mesmo tempo.

Membro principal não-membro é um absurdo. Tão absurdo quanto um “círculo quadrado”. E a teologia católica sempre ensinou que nem Deus pode fazer o que é absurdo.

O caráter recebido na Ordenação Sacerdotal e Episcopal, claro está, não pode ser apagado, mas o exercício legítimo do poder sacerdotal e o ser autoridade na Igreja (poder de jurisdição), esse se perde pela heresia. O poder de Jurisdição é, por essência, móvel, ao contrário do de Ordem.

Ouçamos o maior dos Doutores da Igreja, S. Tomás de Aquino:
“O poder sacramental é conferido por uma consagração. Ora, todas as consagrações da Igreja são inamovíveis, enquanto durar o objeto consagrado (…) Por onde, tal poder permanece, por essência, em quem o recebeu pela consagração, enquanto viver, mesmo que resvale no cisma ou na heresia; e o demonstra o fato de, voltando de novo à Igreja, não ser de novo consagrado (…) Por seu lado, o poder jurisdicional é conferido por simples injunção humana; e esse não adere imovelmente. Por isso, não permanece nos cismáticos e nos heréticos. Por onde, não podem absolver, nem excomungar, nem conceder indulgências, nem fazer coisas semelhantes. E, se o fizerem, será como se feito não fosse” (S. Th. 2-2ae, q. XXXIX, a. 3).

Nem Deus pode fazer com que o gênero não seja predicável da espécie (S. Tomás, Summa Contra Gentiles, 2/25). O gênero de “membro da Igreja” tem, necessariamente, que poder ser aplicado à espécie de “membro-chefe da Igreja”. Do que resulta ser metafisicamente impossível que um indivíduo seja, ao mesmo tempo, herege e autoridade da Igreja. Se é herege, não é autoridade da Igreja e não deve nem pode, pois, ser tratado como se fosse uma autoridade da Igreja.

“É absurdo que quem está fora da Igreja presida dentro dela” (Leão XIII, Satis Cognitum, 37).

“Os heréticos não são membros ou partes da Igreja e, por isso, não são cabeças da Igreja” (Melchior Cano).

Bispos = Membros principais da Igreja = Crentes principais.
Herege = Não membro da Igreja = Não crente.
É pouca a contradição? (…)

Um herege não é um simples membro morto da Igreja, como outros pecadores, mas absolutamente um não-membro. A relação que existe entre a Igreja e um herege é como a de um corpo humano com uma pedra: esta jamais poderia ser um órgão do corpo, e, sobretudo, jamais poderia ser a cabeça da pessoa.

Supor hereges como chefes válidos da Igreja é supor uma mistura monstruosa entre a Igreja de Cristo e a igreja do diabo. E São Paulo já advertia: “Não formeis parelha incoerente com os incrédulos. Que afinidade pode haver entre a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? Que acordo entre Cristo e Belial? Que relação entre o fiel e o incrédulo? Que há de comum entre o templo de Deus e o dos ídolos?” (II Cor VI, 14-16).

“A Igreja tem em si e por si todos os meios para a sua incolumidade” (Leão XIII, Immortale Dei). Diante da possibilidade de infiltração de inimigos da Fé no meio do clero, a Santa Igreja não está desprotegida: nenhum cargo eclesiástico pode ser validamente ocupado por um herege e, se alguma autoridade cai em heresia, perde imediatamente o seu cargo, e isso sem nenhuma necessidade de qualquer declaração oficial. Isso é o que diz expressamente o Cânon 188/4. Uma declaração oficial da perda do cargo seria apenas como um atestado de óbito dado pelo médico: não é o atestado que tira a vida do falecido, mas o fato mesmo da morte, e ainda que faltasse o atestado, isso em nada alteraria a morte do indivíduo. Como disse Nosso Senhor: “Quem não crê, já está julgado” (Jo III, 18). (Trata-se aqui, convêm deixar claro, de heresia pública. Quando a heresia é apenas privada, ou seja, cometida tão só em pensamentos ou de maneira plenamente secreta, não se perde o cargo eclesiástico, porque somente um delito público pode ter conseqüências também públicas.)

Além disso, o Cânon 2314 fulmina com excomunhão latae sententiae aquele que comete o delito de heresia. Ora, uma excomunhão latae sententiae é, precisamente, uma excomunhão que ocorre de modo automático, sem precisar de qualquer declaração oficial. E, uma vez que um excomungado é alguém expulso da Igreja, como poderia continuar sendo chefe válido dentro da Igreja? O excomungado não pode receber nem administrar qualquer sacramento, não pode lucrar nenhuma indulgência, não pode ter parte nas preces públicas da Igreja, não pode nem ter enterro eclesiástico, etc. – e poderia continuar sendo uma autoridade da Igreja?! Só na mente de um tolo…

E mesmo que o delito de heresia não fosse punido com excomunhão, acarretaria, por sua própria essência, as mesmas conseqüências de uma excomunhão, como diz um santo Doutor: “Os excomungados são separados da Igreja por ação das autoridades. Os heréticos e cismáticos retiram-se por si mesmos e não tem poder sobre os que permanecem na Igreja” (São Roberto Belarmino, citado por Homero Johas, O Concílio da Apostasia, Coetus Fidelium: Rio, 2004, p. 76).

Cronologia da Revolução Litúrgica

Túmulo de Annibale Bugnini: maçon responsável pela Reforma Litúrgica
Pseudo-missa presidida por Karol Wojyla (João Paulo II) com "leitora" seminua.


Annibale Bugnini (1912-1982), protagonista sinistro da Reforma Litúrgica, é ordenado sacerdote lazarista em 1936.

1947. Inicia os seus estudos em ciências litúrgicas.

1947. Em 13 de novembro Pio XII promulga a Constituição Apostólica Sacramentum Ordinis.

1948. Bugnini é nomeado secretário da Comissão para a Reforma Litúrgica (da Semana Santa) de Pio XII.

1949. Bugnini é professor de Liturgia na Propaganda Fidei do Vaticano.

1955. Bugnini torna-se professor do Instituto Pontifício de Música Clássica.

1956. Bugnini torna-se Consultor da Sagrada Congregação dos Ritos.

1957. Bugnini torna-se professor de Sagrada Liturgia na Universidade de Latrão.

1958. Em 28 de outubro é eleito Ângelo Roncalli (25 de novembro de 1881/ 03 de junho de 1963).

1960. Ano designado pela Santíssima Virgem a Irmã Lúcia para a divulgação do terceiro segredo de Fátima.

1960. Bugnini torna-se secretário da Comissão preparatória de Liturgia para o Vaticano II. A Comissão era presidida pelo Cardeal Gaetano Cicognani (ele tinha 80 anos).

1962. Em 13 de janeiro o “schema” Bugnini é aceitado em votação plenária da Comissão preparatória de Liturgia.

1962. Em 11 de outubro é aberto o Concílio Vaticano II por João XXIII.

1962. Bugnini é nomeado secretário da Comissão Litúrgica do Vaticano II.

1962. Bugnini é demitido de suas funções por João XXIII através da intervenção do Cardeal Arcádio Larraona.

1962.O franciscano Ferdinando Antoneli, OFM, é nomeado secretário da Comissão Litúrgica do Concílio Vaticano II.

1962.Em 7 de dezembro o “schema” Bugnini é adotado por votação quase unânime dos Padres Conciliares, o que culminaria na Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia.

1963. Em 23 de abril Bugnini se filia a Franco-Maçonaria Italiana sob pseudônimo de “Buan”, conforme os Registros da Maçonaria Italiana divulgados em 1976.

1963. Em 3 de junho morre Ângelo Roncalli.

1963. Em 21 de junho é eleito Giovanni-Baptista Montini (26 de novembro de 1897 – 3 outubro de 1978).

1963. Em 29 de fevereiro Bugnini é nomeado secretário do Consilium, então, em curso da criação.

1964. Em 5 de março, criação oficial da Consilium ou Comissão para a elaboração da Nova Missa da Constituição Litúrgica do Vaticano II.

1965. Em 8 de dezembro, encerramento do Vaticano II por Montini.

1967. Em 15 de outubro, promulgação da Reforma da Cúria por Montini.

1967. Em 24 de outubro ocorre na Capela Sistina o ritual experimental da Missa Normativa de Montini (Paulo VI).

1968. Em 18 de junho é promulgada a Constituição Apostólica Pontificalis Romani por Montini (Paulo VI), sob os auspícios de Annibale Bugnini.

1969. Em 3 de abril, promulgação por Montini (Paulo VI) da Constituição apostólica In Cena Domini que instituiu o Novus Ordo Missae sob a forma de Missa Normativa.

1969. Em 8 de maio é promulgada por Montini (Paulo VI) a Constituição Apostólica Sacra Congregatio Rituum que criava a Congregação para o Culto Divino, englobando o Consilium.

1969. Bugnini é, em 12 de maio, nomeado secretário da Congregação do Culto Divino.

1972. Em 7 de janeiro é “consagrado bispo” por Paulo VI segundo o Novo Ritual do Pontificalis Romani e é nomeado Arcebispo Titular de Dioclentiana.

1975. Bugnini é demitido de todas as suas funções por Paulo VI.

1975. Em 31 de julho, promulgação por Paulo VI da Constituição Apostólica Constans Nobis que suprimia a Sagrada Congregação para o Culto Divino e fundindo-a então numa Nova Congregação intitulada Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino.

1975. Em 22 de outubro Bugnini escreve a Paulo VI.

1976. Em 5 de janeiro é nomeado pró-núncio Apostólico em Teerã (Irã).

1976. Em abril, publicação do Registro Maçônico da Itália e escândalo público mundial (livros, artigo em jornais de diversos países, etc.).

1978. Em 3 de outubro, morte de Montini.

1978. Em 26 de outubro, eleição de Albino Luciani (17 de outubro de 1912 – 28 de novembro de 1978).

1978. Em 28 de novembro morre Albino Luciani.

1978. Eleição de Karol Wojtyla (18 de maio de 1920 – 2 de abril de 2005).

1982. Em 3 de julho morre Annibale Bugnini.

1983. É lançado em Roma o livro de Bugnini “A Reforma Litúrgica” (1945-1975).

Tradução e adaptação de rore-sanctifica, por Fernando Henrique Lopes.

O Segredo da hecatombe papal




O Segredo da hecatombe papal


Mistério culminante da história moderna


(Arai Daniele)






Admirável é o modo como se manifesta a Providência que confundindo a malícia dos poderosos, faz chegar o pão da verdade aos filhos de Deus; a verdade do Magnificat e do Terceiro Segredo de Nossa Senhora de Fátima, que manifesta a perene intervenção da Misericórdia divina no mundo humano, intervenção excepcional dos nossos tempos.


O que ensinou a Igreja sobre isto? A Fé cristã se funda na intervenção de Deus na história através de Jesus Cristo, seu único Filho, concebido pelo Espirito Santo e nascido da Virgem Maria. E através da Sua Igreja essa intervenção divina na terra continua, na medida da ajuda que necessitam os homens de boa vontade. Ela se manifesta nos Sacramentos, no Magistério dos papas e quando surgem grandes perigos, nos eventos proféticos invocados pela Igreja.


Desde o início do livro do Génesis, é dito que será a Mulher a vencer o Inimigo de Deus e dos homens. Inimigo que, na nossa época, suscitou um leviatã com muitas cabeças mortais, das quais a mais feroz impôs a mentalidade revolucionária que é a um tempo libertária e liberticida. Esta domina no mundo, chegando a infiltrar-se nos vértices da Igreja.


A sociedade humana precisou pois de uma ajuda extraordinária para superar essa insídia mental e moral de dimensões inauditas.


Ora, a Igreja desde sempre invocou com orações ajudas sobrenaturais: sinais de alcance histórico, que desde os primórdios do Cristianismo manifestaram-se em horas crucias para suster a Fé, ameaçada pelo espirito do mundo, que cada vez mais seduz com seu poder as almas. E a intervenção de Maria, Auxilium Christianorum, sempre foi invocada nas horas cruciais com gratidão pelos Papas católicos.


Aqui começa a história do Evento de Nossa Senhora de Fátima.


O papa Bento XV, em plena guerra mundial, invocou publicamente a ajuda de Maria no dia 5 de maio de 1917. A resposta veio no dia 13 de maio seguinte. Para ajudar a humanidade Nossa Senhora, na vigília da revolução bolchevista, confiou a três pastorinhos de Fátima uma mensagem que avisava dos erros espalhados pela Rússia e dos perigos crescentes para o mundo, se os homens e os povos não deixassem de ofender a Deus: depois da devastadora I Guerra mundial viria uma "guerra pior". Se depois desta o mundo não mudasse, viria um terceiro flagelo, mais letal que as guerras; o momento mais crucial da história.


Pode-se deduzir que esse novo flagelo seria de natureza tão tenebrosa, tão incrível nos dias em que foi anunciado, que deveria permanecer como um segredo até a hora em que sua manifestação o tornasse visível à luz da Fé. Quando? Em 1960. Esta data merecia pois toda a atenção.


Era o momento misterioso em que a ameaça final para a Fé surgiria e, ao mesmo tempo, a causa desse perigo letal seria ocultada por uma enxurrada de enganos. Emblematicamente o Segredo ficou desde então encerrado no Vaticano. Não se acreditava mais na ajuda divina para as questões da terra, ou se temia uma intervenção extraordinária do Céu?


Esta dúvida faz vislumbrar um mistério, que precisa ser investigado.


Facto é que por mais de quarenta anos o Segredo ficou arquivado. Agora ele foi finalmente aberto, mas devido ao teor vago de sua interpretação oficiosa, os mistérios em volta dele, ao envés de cessarem, se multiplicaram; dando ensejo à muitas novas dúvidas e várias publicações, que se apoiam nas contradições.vaticanas quanto ao testemunho da Vidente Lúcia. O que haverá atras de tudo isto? Como é possível que a visão simbólica de um massacre a tiros do Papa com os seus séquito fiel, não tenha suscitado dos católicos uma consideração meditada do seu significado, mas que ao envés, prevaleça um conformismo apático diante de explicações que nada explicam ?


De facto, a conclusão do Segredo foi reduzida à lembrança, segundo o então card. Ratzinger, de imagens que as pastorinhas poderiam “ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de Fé”. Não é mais correcto dizer que são os livros de piedade que derivam de visões na fé? Além disso, o que os pastorinhos viram, o inferno e apos a hecatombe do Papa com o seu séquito, não foi a mesma para todos?


O incrível é que visão para ajudar a Igreja no momento mais crucial da sua história, a terceira parte do Segredo que seria ‘mais clara’ em 1960, agora é apresentada como um quadro fora do tempo.


Devido a este e a outros pontos obscuros na interpretação vaticana do Segredo, grande foi a decepção dos fiéis que esperavam a revelação da verdade assombrosa que viesse sacudir o torpor das consciências, guiando os homens na direcção da Fé. Essa verdade ainda não foi devidamente aquilatada. Ou melhor, algo ainda impede que ela seja reconhecida por todos; algo ligado, de um lado à malícia de alguns, do outro à uma reacção abúlica diante de uma visão que é claramente extraordinária, pela sua origem e conteúdo, não só religioso mas também histórico. Isto também se apresenta como um mistério no mistério.




A actual abertura do Segredo, não será parte do seu mistério ?




Finalmente, depois de quarenta anos, João Paulo II chegou à convicção que poderia levantar o sigilo do Segredo imposto por João XXIII, embora seu sentido, como veremos, lhe seja obscuro. A razão dessa iniciativa tardia parece ligada a uma operação der imagem pessoal. João Paulo sente que, em vista da enorme popularidade que atingiu no mundo, o risco de publicar a misteriosa mensagem poderia ser compensado pelo benefício que este traria à sua imagem de vítima dos perseguidores da Igreja. Foi assim que a recente conferência vaticana forneceu aos meios de comunicação social uma interpretação do Segredo com as forçadas alusões a João Paulo II expostas pelo cardeal Sodano e reforçadas pela nota teológica do então cardeal Ratzinger. Sua interpretação teria um caracter oficioso e definitivo, pois se pretende que com ela a questão do Segredo ficaria definitivamente superada.


O facto é, porém, que os aspectos obscuros dessas “explicações” são tantos que mesmo autores fieis às orientações provindas do Vaticano concluem que muito ficou por esclarecer. Exemplo disso é o livro recente do jornalista italiano António Socci, “Il Quarto Segreto di Fátima” (Rizzoli, Milano, 2006), onde esse autor confessa que, embora tenha inicialmente aceitado que todo o Segredo havia sido publicado e explicado, a grande quantidade de factos obscuros leva a pensar que muito ainda deve ser esclarecido. É disso que o livro passa a tratar.


A interpretação vaticana do Segredo concentrou-se justamente na pessoa que quis a sua abertura, mas sem explicar como esta serviu à sua defesa, e sem fornecer argumentos demonstrativos que a profecia do Segredo ficou exaurida. Reforçou assim a impressão que o objecto dessa operação era evidenciar uma áurea de martírio e de protecção divina sobre João Paulo II e seu pontificado revolucionário, sem responder às questões suscitadas pela visão da hecatombe papal. Esta ficaria em parte reduzida, segundo o então cardeal Ratzinger, a impressões religiosas dos pastorinhos após a visão do inferno - “projeções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas ao mesmo tempo assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo” - que, privadas de sentido no mundo actual, não mereceriam maior atenção.




A perplexidade geral diante de interpretação do Segredo




A abertura do Segredo perturbou o íntimo de muitas consciências. Isto só pode ser devido a duas razões principais: o uso pessoal de um evento religioso de alcance universal; a percepção do contraste entre a piedade tradicional e a modernidade. Isto vem acentuar o desacordo espiritual entre o conteúdo do Segredo e o decenal aggiornamento da religião com os tempos. Só um espirito anti-profético poderia querer adaptar questões religiosas discordantes, que tanto perturbam as consciências fieis.


Aliás, a tentativa de conciliar questões opostas repugna até as consciências que são sinceramente pela modernidade.


Quanto aos católicos, confiantes que uma mensagem celeste não pode ser nada menos que uma grande ajuda para os homens em geral, como é a outra parte da Mensagem de Fátima, esta interpretação suscita tanto desapontamento como suspeita. De facto é evidente que o Segredo foi aberto não pelo seu conteúdo, que resta impermeável à inteligência do Vaticano actual e do mundo intelectual em geral, mas porque parecia adaptável à uma interpretação conforme à intenção do establishment conciliar. Qual? A desvalorização de análises do Segredo, que do alto de sua competência teológica o cardeal Ratzinger, taxou de especulações.


As principais análises sobre o Segredo tratam de duas questões:


- a grave crise actual da Fé, que é um facto evidente a todos, mas que a apresentação vaticana empenhou-se a ignorar ;


- a descontinuidade do Vaticano II e da sua hierarquia com a Tradição católica e com o Segredo de Fátima, que o actual Vaticano quer neutralizar.


Com isto se quiz ignorar a questão que agora volta à tona: que há uma intrínseca discordância entre a fé que o evento de Fátima recorda e o espírito que suscitou o novo curso religioso do Vaticano. Evitando essa discordância, também a interpretação dada pelas actuais autoridades vaticanas é falsa. E de nada adianta a anuência da Irmã Lúcia, que é a vidente e não a interprete do Segredo, como ela mesma reconheceu.


Diante destas constatações, a tentativa de rearquivar assim o Segredo fornece indicações, para “quem tem olhos para ver”, sobre o misterioso significado de tais operações.


A razão da Mensagem de Fátima só pode ser aquela que ela exprime explicitamente: a contínua intervenção da Divina Providência na vida dos homens, que só não é eficaz devido à oposição humana à verdade. A este ponto pode-se deduzir que até o pretexto que serviu para a abertura do Segredo, isto é apresentar como continuidade o que é na verdade ruptura, responde a um desígnio divino e oferece elementos para ajudar a Igreja de Deus a desmascarar as lacerações que lhe causaram as decenais rupturas modernistas na sua doutrina e liturgia tradicionais.


O ano de 1960 assinalou o início da surda mas clamorosa revolução que demoliu a Igreja católica, para erigir a outra, conciliar. E por isto, quem se propõe demolir a Tradição deve procurar também anular ou adaptar o Segredo de Fátima, que é autêntica porque a ecoa.


Eis um motivo da luta final entre o bem e o mal neste mundo; foi o que a Irmã comunicou ao Padre Fuentes em 1957, mas teve que retratar em 1959, sob a pressão do Bispo de Coimbra; redarguido pelo Vaticano ?




A chave de leitura para o Segredo de Fátima está na antinomia entre continuidade e ruptura; uma é a vida, a outra é a morte do Papa católico.


Vejamos o texto da Mensagem de Fátima para reconhecer a ajuda, até indirecta, para que os filhos de Deus enfrentem os males do mundo.


Faremos isto relendo o texto integral com as palavras de Lúcia que contêm a revelação da primeira e segunda partes do segredo de Fátima:


“O segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi pois a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fôgo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em esse fogo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios destinguiam‑se por formas horríveis e acrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promeça de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teriamos morrido de susto e pavor.


Em seguida, levantámos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: - Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar‑se‑ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra peor. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas.(* Terceira parte)





* Na 3a. Memória este é o lugar em que se situa o 3o. Segredo, ao qual devem seguir as palavras que a Irmã Lúcia acrescentou na 4a. Memória: - Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc.,




Esta frase foi ignorada na actual apresentação da Mensagem. Por que razão se ignorou justamente a frase que fala da preservação da Fé ?





Para entender o Segredo há que responder antes à certas perguntas.





Esta parte conhecida desde 1941 está introduzindo directamente a parte secreta com as palavras: - Se fizerem o que eu disser salvar‑se‑ão muitas almas e terão paz; mas - se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior (a segunda guerra mundial). E continua: Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas.





O condicional implica uma continuação da frase: se não deixarem de ofender a Deus... (no tempo de...) - Deus... vai punir o mundo dos seus crimes, por meio [dos erros da Rússia] e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre: do martírio dos bons e do grande sofrimento do Papa.



A perseguição à Igreja e ao Papa assume forma misteriosa. Como entender que a punição do mundo, que persegue Fé, se efectue através justamente da perseguição da Igreja e do Papa ? Isto pede uma profunda meditação pois implica o castigo evocado no Evangelho de S. Mateus: “Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho serão dispersas” (Mt 26, 31).







O Senhor é a um tempo o Pastor e quem permite o seu abatimento. E permitir que seja abatido quem O representa, não equivale a retirar-se ?


Isto será visto depois, na parte da interpretação católica do Segredo.


A Mensagem de Fátima é bastante completa para lembrar o caminho de harmonia e paz neste mundo e da salvação eterna. Não é hermética, como muitos “teólogos” de hoje a apresentam. Ela indica as causas das guerras, e dos desastres humanos que seguem as revoluções no desprezo e ofensa contra a Lei de Deus. Ela revelou o perigo iminente dos erros que a Rússia difundiria no mundo, e a “guerra pior” daquela que 1917 devastava a Cristandade. E as perseguições da Igreja e do Papa eram preditas como o último e terminal castigo pelos crimes do mundo. Mas Jesus ensinou que “quem recebe um profeta como profeta, terá a recompensa do profeta” (Mt 10, 41).






A frase misteriosa, da punição do mundo perseguidor da Fé, através da perseguição contra a Igreja e o Papa, é a chave do Segredo, que vai se desvelar para aqueles que o recebem como uma profecia.




Eis agora o texto publicado do Terceiro Segredo em forma de visão:





“Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda, ao centílar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo, mas apagavam-se com o contacto do brílho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro 0 anjo apontado com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!


E vimos numa luz emensa que é Deus.‑ "algo semelhante a como se vêm as pessoas num espelho quando lhe passam por diante" um Bispo vestído de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre". Vários outros Bíspos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no címo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao címo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cniz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns atrás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”


Em seguida à visão os pastorinhos devem ter levantado os olhos para a Senhora, que disse: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. 0 Santo Padre consagrar‑me‑á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz."


O Segredo de Fátima apresenta pois a visão de uma hecatombe papal.


Mas a Profecia se conclui com o triunfo da Fé e de Maria Virgem, que prometeu voltar a Fátima ‘ainda uma sétima vez’, provavelmente num tempo conexo à volta do Papa que por fim satisfará o pedido de consagração de Fátima, que manifestará o triunfo da Fé obtendo a conversão da Rússia e um período de paz para o mundo.


Portanto o triunfo final de Maria prelude uma verdadeira ressurreição depois dessa laceração letal que é a vacância do Papado para a Igreja e também para o mundo.


Para entender o tempo do Segredo de Fátima há que seguir não só o testemunho directo, mas aquele indirecto de Lúcia. Directamente pelas palavras e imagens transmitidas pela Vidente ; indirectamente pelas suas reacções diante dos pastores da Igreja. De facto, visto que o Segredo se refere à escalada da revolução anti-cristã dentro da própria Igreja, que acabará por abater o Papa, este testemunho deveria avisar desse perigo, apesar de todos os subterfúgios e desvios diabolicos de aspecto clerical, dos inimigos da Igreja e executores dos seus vértices.


Perante a visão do Segredo, negar sua evidente dicotomia com o Vaticano II, uma oposição metafísica, na tentativa de concilia-la com a nova ordem religiosa, repugna até ao progressista que prefere a nova ordem mundial. Se negam, serão as pedras a gritar.


Como resultado dessa perplexidade geral muitos falaram de uma nova demonstração da vacuidade de tais mensagens celestes. Outros, entre os quais bispos e sacerdotes, passaram a duvidar da autenticidade do texto.




Há elementos objectivos que indicam a autenticidade desse texto ?




No momento actual não será a autoridade vaticana a poder autenticá-lo depois de te-lo apresentado como reforço à própria obra e causa de martírio. Ninguém pode ser juiz em causa própria. Há pois que voltar à história dessa Mensagem e à suas testemunhas, para depois examinar a atendibilidade dessa visão na história da Igreja.


É importante pois fazer aqui algumas considerações sobre revelações e aparições privadas para que os fieis, seguindo os critérios da Igreja, não sejam enganados pelo que é falso, mas também não sejam confundidos e percam o que, se é autentico, é precioso devido à sua origem divina.


O critério da Igreja para apurar a verdade sobre comunicações divinas inicia pela verificação se o que foi transmitido é correcto do ponto de vista moral e doutrinal e se é oportuno e portanto edificante para os fiéis. Além disso, é preciso aquilatar a credibilidade da mesma vidente.


No caso da Mensagem de Fátima sabemos que as autoridades da Igreja verificaram que nada contém de contrário à fé ou aos costumes. E quanto ao seu pedido, competindo ao papa confirmar os irmãos na fé, é assim de conveniência que seja o santo padre a usar de seus poderes para guiar os bispos e os fiéis quando o interesse da fé e, portanto, da salvação de muitos está em jogo, como pede a mensagem. Para isto foi pedida a prática de uma devoção e um ato de consagração que se harmonizam. com o que a Igreja sempre ensinou e promoveu. Há, por conseguinte, fidelidade católica na forma da Mensagem de Fátima.


Quanto à oportunidade dos pedidos, ela pode ser vista também no simples campo histórico: quanto horror, sofrimento e conflitos teriam. sido evitados neste mundo se a Rússia, repudiando a ideologia perversa da qual se tornou promotora, tornasse ao Cristianismo. Ora, também o modo pelo qual esse pedido é feito segue rigorosamente a teologia sempre ensinada e repetida, por exemplo, por Pio XII na ocasião em que agradecia a intervenção da Virgem na preservação da Cidade Eterna e de seu povo durante a 2a. Grande Guerra contra toda previsão humana:


"Quem quisesse implorar à Virgem a cessação dos flagelos, sem um sério propósito de reforma da vida privada e pública, estaria pedindo simplesmente a impunidade da culpa, o direito de regular a própria conduta não com a Lei de Deus, mas com as paixões desenfreadas. Tal súplica seria a negação e o contrário da súplica crista, seria uma injúria a Deus, uma provocação à Sua justa cólera, um obstinar‑se no pecado, que é o único e verdadeiro mal do mundo." (Homilia de 13 de junho de 1944, na Igreja de S. Inácio)


O pedido de Fátima funda‑se na reparação pelas ofensas e blasfémias, mas também ingratidões contra Deus e os santíssimos Corações, sinais do Infinito Amor, que a tudo atende e perdoa aos que o invocam, mas não permite que prevaleçam impunemente o erro e o pecado.




O testemunho de Lúcia para a credibilidade de Fátima




Mas o que pensar da fidelidade to testemunho de Lúcia ? É claro que a missão da Vidente é ligada à obediência ao Papa e às outras autoridades da Igreja. Mas a obediência, mesmo sem visões sobrenaturais, implica a identificação dessas autoridades, cuja autenticidade é reconhecível pela fidelidade à vontade de Jesus Cristo, de Quem o Papa é o Vigario. O católico obedece e ouve o Papa porque está absolutamente certo que ao faze-lo, ouve e obedece a Deus. Esta certeza moral é necessária à fé e se há contradição no que concerne a Fé entre o que foi sempre ensinado pela Igreja e instruções humanas, seguir estas é desobedecer a Deus.


Lúcia não foi a única testemunha das aparições, cujos sinais muitos viram e a Igreja reconheceu, mas como sobre ela se apoia a mensagem, deve-se comprender a gravidade de seus dilemas de consciência.


Muitos pensam que a credibilidade de Lúcia deve ser a mesma, seja no que concerne as palavras e as visões transmitidas, seja nas implicações que a Mensagem suscita. Assim não é. Pelo contrário suas opiniões demonstram que ela não é a autora do que descreve e pode muito bem ignorar do que se trata. Lúcia criança pensava que a Rússia fosse uma mulher malvada, como Bernadette nada sabia da Imaculada Conceição. Foi-lhe confiada a transmissão da Mensagem e não sua interpretação, como ela mesma reconhece. Esta, quando depende de um juízo doutrinal, compete às autoridades religiosas; mas se depende de questões históricas ou de simples lógica, é universal e todos podem perceber, para crer.




O testemunho dos pastorinhos para a credibilidade do Segredo




A visão do Santo Padre sofredor é autenticada pelos seguintes diálogos entre a Jacinta e Lúcia: ‑ Não viste o Santo Padre? ‑ Não, (diz Lúcia).


‑ Não sei como foi, eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante duma mesa com as mãos na cara a chorar. Fora da casa estava muita gente; e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam‑lhe pragas e diziam‑lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por ele!» (Mm III).


Quem estudou a Mensagem de Fátima sabe que esta visão diz respeito à algo que está no Terceiro Segredo. Por isto Lúcia escreveu: “Foram interrogar-nos dois sacerdotes que nos recomendaram que rezássemos pelo Santo Padre. A Jacinta perguntou quem era o Santo Padre e os bons sacerdotes explicaram quem era (talvez foi quando ouviram a descrição do bispo vestido de branco) e como precisava muito de orações... Quando os dois sacerdotes lhes falaram do Papa a Jacinta perguntou à sua prima: «‑ È o mesmo que eu vi a chorar e de quem aquela Senhora nos falou no segredo? ‑ É ‑ respondeu Lúcia. ‑ Decerto aquela Senhora também o mostrou a estes senhores Padres. Vês, eu não me enganei. È preciso pedir muito por ele!


“Em outra ocasião fomos para a Lapa do Cabeço. Chegados aí, prostrámo‑nos por terra a rezar as orações do Anjo. Passado algum tempo, a Jacinta ergue‑se e chama por mim: ‑ Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente a chorar com fome e não tem nada para comer* ? E o Santo Padre em uma igreja diante do Imaculado Coração de Maria a rezar, e tanta gente a rezar com ele ?


Poucos dias após esta visão, Jacinta perguna à Lúcia: “ - Posso dizer que vi o Santo Padre a toda aquela gente? Lúcia responde: Não. Não vês que isto faz parte do segredo, que por aí logo se decobria? - Está bem! Então não digo nada” (Mm III).


* Nos apontamentos copiados dos manuscritos de Lúcia, o seu confessor, P. José Bernardo Gonçalves, apresenta esta versão: - Não vês tantas estradas, tantos caminhos e campos cheios de gente morta a escorrer sangue? - (Do arquivo do P. António Maria Martins, P. 21, 9).


Para completar estas observações antes de considerar a interpretação vaticana do Segredo, lembremos que os desvios da verdade em matéria religiosa servem ao “mistério de iniquidade”. Qual pode ser este hoje ?


Quando se faz crer que nas revelações privadas tudo è vago e portanto de valor relativo, se confunde vago com velado. A Sacra Escritura é em grande parte velada para os homens, que não podem conhecer tudo do saber infinito, mas nada tem de vago. Pelo contrário, cada palavra que vem de Deus é inestimável e tem um sentido que, mesmo se analógico, é preciso.


Outro exemplo, quando se diz que só a autoridade da Igreja pode entende-las, ou os Videntes confirmar sua interpretação, se confunde o dever de esclarecer e autenticar com a compreensão de um facto cuja realidade na ordem lógica dispensa comentários humanos, porque evidente. Compete certamente à primeira certifica-la com os critérios da Igreja e aos segundos atestar a correspondência com o que foi visto ou ouvido, mas as palavras e os factos não dependem deles.


Se foi pedida a consagração da Rússia, inútil é dizer que esta nação pertence ao mundo, portanto o pedido equivale á consagração do mundo. Este nome não é um caso aberto à interpretação das autoridade, mas da atribuição do valor que têm as palavras de um pedido especial.


A dificuldade no caso do paralelo proposto, que veremos adiante, entre o Rei da França e o Papado, igualmente vítimas da Revolução, encontra solução à luz da Fé. Mais que o aspecto histórico interessa a autenticidade desses representantes de Cristo; o Rei lugar-tenente e o Pontífice-vigário. Esta comparação os acomuna numa falha, não de Fé, que os desqualificaria, mas na execução da vontade de Quem representam. Quanto às pessoas, à legitimidade real deve corresponder a papal, mas tal reconhecimento não é exclusividade de nenhum santo ou vidente, compete a todo fiel, com ou sem mensagens proféticas.


Isto é importante considerar aqui para melhor avaliar o testemunho da Irmã Lúcia, pois há sérios elementos indicativos que ela não segue esse discernimento depois de 1958 sobre o Segredo. Este, mais que revelar a hecatombe papal descrita, teria um sentido sujeito à interpretação das actuais autoridades vaticanas, contra toda coerência e lógica.








Os mistérios da interpretação do Segredo pelo Vaticano actual







A perplexidade que a trama actual em torno do Segredo provoca nas consciencias pode servir melhor para desmascarar as rupturas veladas operadas pelo modernista Vaticano II na Igreja tradicional que muitas análises eruditas sobre desvios e heresias conciliares. Na verdade esta difusa perplexidade deriva da perpepção comum da presença de novos mistérios no mistério. Vejamos quais são e o que encerram.


1° - Falar de “sinal dos tempos” e ignorar o tempo do Segredo.


2° - Mencionar o ponto culminante da história moderna para referi-lo não à algo que concerne a Fé de Deus, mas à imagem de um homem.


3° - Conceber o pedido de consagração da Rússia como um acto de devoção personalisada, isto è, sujeito ao modo de pensar de uma pessoa.


4° - Obscurecer a clareza do Segredo esperada em 1960 e considerar possível a censura de um segredo apocalíptico.


5° - Englobar o Segredo na gestão de um ecumenismo que lhe se opõe.




Iniciemos pela localização da terceira parte do Segredo no tempo. Este foi situado logo antes de 1960, porque só assim seria ‘mais claro’ no ano em que o Segredo deveria ser aberto e revelado ao mundo.


A razão desse sigilo antes de 1960 está em uma clara instrução contida na própria mensagem: “Isto não o digais a ninguém”. Assim é que o segredo ficou selado no coração de Lúcia até os anos quarenta, assim como estava soterrado com os pastorinhos Francisco e sua irmã Jacinta, mortos muito jovens. Em 1943, o bispo de Leiria (Fátima), desejando que tudo o que se referisse à mensagem ficasse registrado, mandou que a vidente escrevesse tudo o que havia ouvido. Lúcia titubeou, mas sabendo que a obediência nesse caso podia significar a vontade de Deus, acabou por faze‑lo, apesar das grandes dificuldades espirituais e morais por que passou. Corria o ano de 1944 e dom José Correia da Silva, de posse do escrito secreto, sem o ler, colocou‑o num envelope selado que guardou no seu cofre com instrução para que à sua morte fosse entregue ao cardeal patriarca de Lisboa, provavelmente para que fosse encaminhado a Roma. Ora, aconteceu que essa notícia, aparentemente limitada e singela, correu mundo e tornou‑se um facto tão clamoroso e sensacional que se considerou prudente enviar o ‘segredo’ o quanto antes à Santa Sé.


Vejamos a sequência dos mistérios em volta do Segredo, conscientes que “... nada há oculto que não se venha a descobrir, nem segredo que não se venha a conhecer.” (Mt 10, 26; Mc 4, 22; Lc 12, 2)




Os preparativos para a ‘interpretação’ vaticana do Segredo




Seguiremos os documentos fornecidos no dia 26 de junho de 2000 pela Congregação para a Doutrina da Fé (Ed. Paulinas, Lisboa).


O primeiro documento é a carta de João Paulo II à Irmã Lúcia de 19 de abril 2000, para que a Irmã confirme certas questões que dizem respeito à interpretação da terceirta parte do ‘Segredo’ ao seu enviado Mons. Tarcisio Bertone.





O encontro teve lugar a 27 de Abril, no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra. D. Bertone mostrou à Irmã Lúcia a carta contendo a terceira parte do Segredo de Fátima. “Tocando esta com os dedos, logo exclamou: «É a minha carta», e depois de a ler, acresentou: «é a minha letra». Com o auxílio do Bispo de Leiria‑Fátima, foi lido e interpretado o texto original, que é em lingua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do «segredo» consiste numa visão profética, conparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção que a visão de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX. À pergunta: «A personagem principal da visão é o Papa? », a Irmã Lúcia imediatamente responde que sim e recorda como os três pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: «Coitadinho do Santo Padre, tenho muita pena dos pecadores! » A Irmã Lúcia continua: «Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse. Não sabiamos se era Bento XV, ou Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isto fazia-nos sofrer a nós também ».





Trata-se pois do Papa, não como pessoa privada, mas no seu cargo de primeiro testemunho da Fé e maior vítima dos ataques que sofre a Fé.





“Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, Isto é, ao Santo Padre ‑ como logo perceberam os pastorinhos durante a «visão» ‑ que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: Foi uma mão materna que guiou a trajectória da baia e o Santo Padre agonizante deteve‑se no limiar da morte» (João Paulo II, 13.5. 94, Meditação com os Bispos italianos, a partir da Policlínica Gemelli,).


Tal associação de ideias e factos é anacrônica, considerando que a data prevista para desvelar o Segredo era 1960, quando seria mais claro. Portanto foi seguida por uma pergunta sobre essa data.


“Uma vez que a Irma Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria‑ Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do «segredo», tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, D.Bertone pergunta‑lhe: «Porque o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?» Resposta da Irmã Lúcia: «Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não sé perceberia, compreender‑se‑ia somente depois. Agora pode‑se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa.»


Na verdade a Irmã Lúcia dizendo que foi ela a colocar a data de 1960 para a abertura do Segredo ao redigi-lo em 1944 o estava interpretando. Mas ela revelou também que devido à sua hesitação para escreve-lo, Nossa Senhora apareceu para autoriza-la, no dia 2 de janeiro de 1944.


Tal evento proeminente indica que nada do que concerne o Segredo, da sua redacção ao momento de sua clareza e abertura, foi deixado ao caso.


E aqui iniciam as contradições que preparam a interpretação vaticana.




1° mistério - um “sinal dos tempos” que estaria fora do tempo.




Para ter a confirmação de que 1960 era o ano indicado à irmã Lúcia para tornar conhecida a terceira parte do Segredo, pode-se recorrer à testemunhos directos de pessoas abalizadas, como os cónegos Galambra e Barthas e os cardeais Cerejeira e Ottaviani, além de dom João Pereira Venâncio, sucessor de dom José na Diocese de Leiria, que chegou a propor a todos os bispos do mundo um dia de oração e penitência na data de 13 de outubro de 1960, para que todos pudessem ouvir e honrar a Mensagem da Mãe de Deus.


Nos seus colóquios com a Irmã Lúcia, nos dias 17 e 18 de outubro de 1946 (publicados em 1952), o canónico Barthas perguntou-lhe quando a terceira parte do Segredo seria revelado. A resposta sem hesitação nem comentário, confirmada também pela anuência do Bispo de Leiria, foi: 'Em 1960.' Continua o Padre. “E quando eu levei a minha ousadia ao ponto de perguntar porque devíamos esperar até então, recebi a mesma resposta da Irmã e do Bispo: Porque a Santíssima Virgem assim o quer”.


No dia 7 de setembro, 1946, no encerramento do Congresso Mariano de Campinas, Brasil, o Cardeal Cerejeira declarou que a terceira parte do Segredo, ainda não revelada, foi escrita e colocada num envelope selado que será aberto em 1960.


Se o Segredo diz respeito a um evento passado e concluído, deveria ser explicado que facto é esse e quando aconteceu. Além disto seria preciso demonstrar a relação desta sua conclusão com o predito triunfo final.


“Em 1967, 50° aniversário das aparições de Fátima e ainda no clima de desilusão pelo silêncio que se fez sobre o segredo dado pela Mãe do Céu à pastorinha Lúcia, segredo esse que nunca foi de nenhum modo esquecido apesar do vento de mudanças soprado pelo espírito conciliar, o prefeito da Sagrada Congregação, para a Doutrina da Fé, cardeal Alfredo Ottaviani, na conferência na Pontifícia Academia Mariana, dia 11.2.67, forneceu algumas noticias, com intenções tranquilizadoras.


“O segredo não devia ser aberto antes de 1960. No mês de maio de 1955 perguntei a Lúcia a razão dessa data e ela me respondeu: porque então será mais claro. Isto me fez pensar que aquela mensagem era de tom profético, visto que, como se lê nas Sagradas Escrituras, é próprio das profecias que haja um véu de mistério.”


Na carta de 24.6.87 que recebi da Irmã Lúcia, esta responde à minha questão, repetindo-a: “O ano 1960, crucial na vida da Igreja e do mundo, por muitos factos ainda invisíveis, era previsto como momento para o conhecimento do Segredo, mas como a Misericórdia divina deu a conhecer a Irmã Lúcia esta data? A Irmã responde: “O como tive conhecimento desta data não estou autorizada a esplicá-lo aqui, mas tenhamos presente que, a autorização dada para que a Igreja podesse abrir a minha carta, não foi uma ordem para que a públicasse.”


Parece impossível conciliar aqui as duas coisas. Se foi a mesma Lúcia que estabeleceu o ano 1960 para a abertura da terceira parte do Segredo, como pode ela referir-se aqui à uma autorização à si mesma e depois à uma outra autorização e possível ordem dada para a Igreja ? Mistério !


E pretendem que hoje se acredite que o véu desta data, que manteve suspensa a atenção da Cristandade e do mundo por mais de meio século, não seja indicação do mesmo segredo, mas de uma intuição da Vidente?


De qualquer modo, não é possível mudar os factos da história desse período. Na Igreja tudo mudou e não há dúvida que essas mutações no mundo católico causaram uma radical mudança na sociedade humana, que foi constatado por históricos e também por sociólogos e filósofos, e registado nos campos da justiça e da segurança social de todo o mundo.


Trata-se pois da mutação silenciosa mas evidente que abriu as portas da sociedade à uma revolução social de enormes proporções, que mudou o modo de pensar e de viver do nosso tempo. E como é sempre o mundo espiritual a guiar o social, há que responder à questão de qual teria sido este evento para a Igreja? Compete pois a quem nega a importância desta data explicar a clamorosa coincidência pela qual justamente neste período começou a descristianização do mundo e a apostasia universal. Como escreve um teólogo (riv. Roma, Buenos Aires, n.88): “Podemos afirmar sem fornecer provas que a causa de toda a crise da Igreja é o próprio Vaticano II (convocado naquele período). Quem deve fornecer as provas é quem nega ser o ‘concílio’ a causa eficiente do desastre eclesial. Mas se quer ser credível deverá revelar qual seria esse outro evento que superou o Vaticano II pelas suas mutações e consequências.


“O único evento devastador que o precedeu nesse período e que deixou o mundo cristão perplexo, foi a negativa de João XXIII de publicar o Segredo da Mãe celeste para a salvação de seus filhos.”


Como se pode concluir, se a terceira parte da mensagem de Fátima ficasse privada da referência de uma data, a sua natureza profética ficaria, se fosse possível, neutralizada para prevenir perigos para a Fé.


Como acreditar pois que 1960 foi um ano inventado pela Irmã Lúcia?


Se assim fosse, como é possível que em 1959 o Bispo de Leiria-Fatima, Mons. Venancio, se tenha dirigido a todos os bispos do mundo, para propor a preparação ao evento da publicação da Terceira parte do Segredo com uma universal novena de oração. O apostolado de Fátima, feito de oração e penitencia para obter a ajuda divina, concordava plenamente com a ortopraxis católica para os momentos difíceis, que quer os fieis atentos aos sinais divinos através da palavra do Chefe da Igreja. Mas no Vaticano a posição - ainda velada - era contrária a Fátima, como se verá.


Em 1959 a campanha para informar o mundo sobre Fátima era intensa, mas só era apoiada ao nível de alguns bispos. Mesmo assim o mundo cristão se preparava para conhecer em 1960 o Segredo com grande piedade e interesse. Na Itália, no dia 13 de setembro de 1959, no fim do XVI Congresso Eucarístico Nacional de Catania, o inteiro episcopado, em nome de todo o povo italiano, consagrou a Itália ao Coração Imaculado de Maria, segundo o pedido de Fátima, com as palavras: "Eis, o Mãe nossa e Rainha da Itália, a suplica que, com filial esperança, dirigimos e confiamos ao Vosso Coração pedindo que venha logo a hora, por Vos prometida, em que o Vosso Coração Imaculado triunfara nesta nossa terra e em todo o mundo".


Na América houve iniciativas importantes como aquela do milionário John Haffert que, testemunha de grandiosos milagres em Fátima em 1940, e tendo tomado conhecimento dessa data ouvindo a Irmã Lúcia, organizou um imponente programa de comunicação que mobilizou até um canal de televisão por um ano inteiro. Cada sábado ás 9 da tarde, no horário nobre, ia em onda Zero 1960, que depois tomou o nome Crisis e teve a participação de conhecidas personalidades, como John Kennedy e o senador Humphrey, suscitando um enorme interesse popular em Nova York e em todos os Estados Unidos.


O que começava a ser claro, então, se não o início de uma mutação na vida da Igreja depois da morte de Pio XII ?


Porque um segredo para 1960 ? Porque então será mais claro!


Ao envés de manter a rota se procurava muda-la, se não inverte-la.


A questão central era justamente impedir à Igreja de intervir na vida da sociedade, convocando os homens às sua responsabilidades diante da Lei de Deus; obrigar a Igreja a assistir simplesmente às mudanças de um mundo que evolue com os tempos.




2° mistério: o ponto culminante da história foi personalisado.




Na sua Introdução ao Segredo Mons. Tarcisio Bertone SDB declara:


“Na passagem do segundo para o terceiro milénio, João Paulo Il decidiu tornar público o texto da terceira parte do «segredo de Fátima». Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século xx, um dos mais tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento atentado ao «doce Cristo na terra», abre‑se assim o véu sobre uma realidade que faz história e a interpreta na sua profundidade segundo uma dimensão espiritual, a que é refractária a mentalidade actual, frequentemente eivada de racionalismo.”


O século vinte teria então por momento culminante o atentado contra a vida de João Paulo II, que por isto decidiu publicar a Terceira parte do Segredo, abrindo assim o véu sobre sinais sobrenaturais, que influenciam o desenrolar dos acontecimentos humanos e acompanham o caminho do mundo, surpreendendo crentes e descrentes.


Certamente estas manifestações não podem contradizer o conteúdo da fé, mas existem justamente para confirmar a fé e suscitar nos homens a conversão e a penitencia. De facto se elas não forem ordenadas à fé, ou são falsas, ou é falsa a interpretação que se dá delas; especialmente no caso de Fátima, reconhecida ser “a mais profética das aparições modernas”.


Quando se fala pois do evento culminante do século ligado à profética mensagem de Fátima, o assunto não pode ser outro que a mesma Fé.


Ora, se fosse demonstrável que o atentado à vida de João Paulo II foi directamente contra a Fé, porque esconder a visão dessa grave ameaça, representada no Segredo? Não sendo possível provar que no caso o alvo fosse a Fé, atribuindo-se ao atentado contra uma pessoa a relevância de momento culminante do século e centro do Segredo de Fátima, se dá mais atenção à pessoa que àquilo que ela representa; se eleva um facto humano acima das questões da Fé. É a mesma atitude que levou à decisão de ocultar o Segredo, cuja razão precípua é a defesa da Fé na Igreja. Ao arquiva-lo se alegava implicitamente uma razão superior a esta, o que já revelava outra razão, contrária.


E de facto o atentado culminante deste século foi contra a Fé católica, para que a Igreja deixasse de “clamar dos tectos” o dogma fundamental da Fé; do vínculo entre a Palavra divina e os valores humanos. A Igreja deveria passar a acolher a modernidade e a sua ideia de evolução para que os homens atinjam uma emancipação das leis eternas. Neste sentido a imagem da Igreja como única ponte que permanece no mundo para a volta a Deus deveria ser substituída pela imagem de um trampolim para um salto na direcção de uma nova era. A esse salto referiu-se João XXIII ao inaugurar o Vaticano II.


Visto que a Igreja existe para guiar o homem e a sua sociedade segundo o mandato recebido, tal dilema só subsiste para os modernistas. Para estes uma intervenção mariana como Fátima era repudiada, embora fosse reconhecida e venerada pela Igreja. Eis porque no comportamento diante desse Sinal divino pode-se medir a fidelidade ou a mutação dos clérigos em relação à Fé católica. E é claro que quem professa uma nova fé almeja uma nova igreja. Mas para essa substituição encontravam o obstáculo enorme da devoção mariana e a Mensagem de Fátima. Vista a impossibilidade de negar a sua autenticidade e o grande milagre do sol, presenciado por dezenas de milhares de pessoas (também por jornalistas ateus) e reconhecido pela Igreja, negavam a parte que dizia respeito à Mensagem, que chamavam Fátima 2, para distingui-la da outra Fátima 1 aceitável. Um sinal sobrenatural significava para eles só uma chamada à oração e penitencia, jamais a intervenção divina nos eventos humanos: milagres e aparições não seriam sigilos extraordinários da Vontade de Deus, mas sinais para animar a religiosidade popular. Qual o resultado dessa nova pastoral ?


Tudo se passou como se essa abertura tivesse introduzido na Igreja um gás asfixiante dos sentidos espirituais dos fiéis. Entre a atmosfera anterior à morte de Pio XII e a desse novo ambiente há uma dicotomia vistosa. Eis o que se deve investigar, conscientes que estamos diante de um atentado final à espiritualidade humana que resume toda a história passada, algo de apocalíptico que descerra um futuro que diz respeito a todos nós, porque escrito no livro dos desígnios divinos.


Mas é justamente pelas Escrituras Sagradas que ficamos sabendo que a abominação consiste na elevação de um ídolo humano sobre tudo o que é devido a Deus; desde a ocupação do Lugar sagrado, até o uso do Seu Nome. De maneira que o atentado ao que é de Deus será feito em nome do próprio Deus, Senhor da história !


Será então o culto da personalidade feito em nome da Religião.




3° mistério - A ‘impossível’ consagração da Rússia






Em 1981, depois do atentado que sofreu na Praça de S.Pedro no dia 13 de maio, João Paulo II pensou na consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria e compôs ele mesmo uma oração para o designado “Acto de Entrega”, que seria celebrado em Roma a 7 de junho de 1981. Ele inteirou-se da gravidade da Mensagem de Fátima para estranhamente deduzir que se aplicava à sua vida pessoal. Depois do que, o a pedida consagração da Rússia ficava reduzida à acto sujeito às possibilidades de uma devoção e a um modo de pensar pessoal; João Paulo II deve pois ter pensado que podia confeccionar para resolver o pedido universal de conversão da Rússia uma solução de acordo com as suas possibilidades.





Na documentação do Vaticano é apresentada a carta da Irmã Lúcia a João Paulo II de 12 de Maio de 1982, como uma orientação para a interpretação do «segredo»: “A terceira parte do segredo refere‑se às palavras de Nossa Senhora: - Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas ‑. A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condi-cionada ao facto de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede: - Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter‑se‑á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc., -.


Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, corno facto consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência., etc. E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus ape­nas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis”.


Pode-se supor que a Irmã não considerou necessário dizer nesta carta a João Paulo II o que a Religião católica ensina sobre a origem dos males humanos, que é sempre de ordem espiritual. Por isto também a responsabilidade dos homens se situa em níveis diversos, sendo que a mais alta é do líder espiritual, o Pontífice (Jo, 19, 11), o Papa católico.


Isto è parte integrante da Mensagem e adiante veremos que há um comunicado de Nosso Senhor dado à Irmã Lúcia para “Seus ministros”, comparando-os ao Rei da França, que ignorou os Seus pedidos.


Na catástrofe acima, a Rússia è descrita como um instrumento do mal, um flagelo que è ao mesmo tempo flagelado por erros dos quais deve ser convertido. Conversão ao bem e à verdade da Fé. Mas hoje João Paulo II fala da conversão da Rússia à paz! Hoje se fala do novo bem de uma justiça e paz indiferentes quanto às religiões e ideologias. É a nova crença do Vaticano II, que nada tem de católico. Como poderiam tais ideias compor um acto de consagração para a conversão da Rússia?





Na verdade esse acto foi repetido outras vezes, até aquele do dia 25 de março de 1984, mas sem a explícita menção da Rússia nem uma efectiva união dos bispos, como requerido na Mensagem. O misterioso obstáculo que impede a realização dessa consagração verificou-se na tentativa de 1984, quando João Paulo II, que não consegue pronunciar o nome da Rússia, tentou um patético expediente dizendo: “Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno. Para resolver o problema da omissão das condições requeridas para um ato real e condigno, ele entregou a própria consagração à Mãe de Deus!





O facto é que para João Paulo II o nome da Rússia parece arder muito, chegando a dizer que “havia feito o que lhe era possível” (Mons. Cordes) e também que não tem jurisdição religiosa sobre aquele pais ! (Mons. Pavel Hnilica) O que significa negar, ou o poder universal de Jesus Cristo, o que é herético, ou de sentir ser Seu Vigário nesse poder, o que é compreensível.





Ora, o acto pedido não pode ser menos que uma preeminente profissão de Fé apostólica diante do mundo, da Igreja com todos os seus bispos. Não se compreende pois como se possa considerar um acto pessoal e estranho ao testemunho da Igreja católica, adequado para corresponder ao pedido celeste de consagração para a conversão da Rússia. Ao envés, pode-se dizer que diante do apelo de Nossa Senhora de Fátima para a participação activa e responsável dos fiéis no reconhecimento de valores esquecidos tudo resta por fazer e é falso que “a decisão de João Paulo II de tornar pública a terceira parte do «segredo» de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades de poder e de iniquidade.





Muito ao contrário, ficou claro que vivemos o momento histórico em que a iniquidade tocou o mundo religioso e a representação simbólica disto é dada pela visão da hecatombe do Papa com seus fiéis seguidores, como mostra o `Segredo'.





É neste testemunho para a defesa da Fé os católicos devem ter parte activa e responsável, atentos aos sinais do amor misericordioso de Deus e da vigilância de Maria.





Quanto à afirmação que “a Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: - Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 - (carta de 8.11.1989)”, tem que ser verificada.





Há razões para duvidar que a Irmã Lúcia tenha concordado com a versão acima espontaneamente. Se o fez foi após insistentes instruções do Vaticano. Note-se que a carta de 8 de novembro de 1989, tem um atraso de mais de cinco anos do tal “acto”. Porque? Pela simples razão que ela não poderia imaginar que tal acção, que deveria ser um solene e universal testemunho da fé na intervenção de Deus neste mundo, com o apelo de Seu Vigário, poderia ser a acção indicada pelo Vaticano.


De facto nos anos anteriores a 1989 a Irmã Lúcia, sempre que podia, declarava claramente que a Consagração pedida ainda devia ser feita.





Posso acrescentar o meu testemunho pessoal aos diversos outros dessa posição da Vidente. Tenho o privilégio de ter uma casa em Aljustrel, ter sido vizinho de sua irmã Carolina e estar em relação com seus parentes e por isto tive a ocasião de ouvir directamente deles a atitude da Irmã em relação à Consagração. Em 1989 recebi até um recado da Irmã através de sua sobrinha, como resposta ao envio de meu livro “Entre Fátima e o Abismo”, publicado em São Paulo em 1988. Moravam então na casa de Nazareth o sacerdote inglês Robert Bellwood e a religiosa francesa, Irmã Marie Lucie. Desta visita falarei mais adiante. Agora importa lembrar que, na companhia deste sacerdote, tive um encontro muito revelador em Fátima com o Padre Messias Coelho. Foi num quarto da Pensão Solar da Marta de Fátima que este nos informou, de modo tão explicito como ingénuo, que o Vaticano havia enviado instruções à Irmã Lúcia e a alguns clérigos ligados ao apostolado de Fátima, como ele mesmo, o Padre Pierre Caillon e outros, que a consagração da Rússia já havia sido realizada e que o Céu se dignara de aceitá-la. Portanto não se devia mais importunar o Santo Padre com esse pedido. Estavam também presentes nessa ocasião o proprietário da pensão e o editor inglês Tindal-Robertson (editor da Apologia de Mons. Lefebvre) que ficou feliz com as instruções vaticanas e desde então se distanciou do testemunho de Fátima que recusava acomodações, como a CRC do Abbé de Nantes e da revista do Rv. Nicholas Gruner e outros. No caso do Padre Coelho há que lembrar que no seu livro, “O que falta para a conversão da Rússia” (Fundão, 1959), ele diz que ela “só pode entender-se, no sentido do retorno à fé católica, De resto, só esta é a verdadeira conversão(p.286).





É o que se deve pensar da profetizada conversão. O que mudou foram as instruções vaticanas sobre a consagração, ouvi-as também em Roma do cardeal Gagnon, muito irritado porque o seu Conselho para a Família ficara obstruído por milhares de cartas pedindo a consagração da Rússia e a publicação do Segredo. Mas o colóquio foi bruscamente cortado quando falei da atenção devida pelos fieis à profecia de Fátima.





Ora, as caixas com as cartas chegaram no Vaticano graças ao cardeal ucraniano Lubachinsky que, embora a contra gosto, me confessou que o fez por sentir-se ligado ao desejo de seu predecessor que em vida sempre testemunhou sua fidelidade à Mensagem de Fátima. Trata-se do cardeal Slipyi e é justo lembrar que o heróico prelado, diante da grave crise de fé da Igreja em Roma, lá consagrou dois bispos sem informar Paulo VI.


Já em 1989, considerando a gravidade do facto que o novo Vaticano usava sua autoridade para ditar à consciência da Irmã Lúcia e de outros o que deviam dizer da Mensagem de Nossa Senhora, procurei alertar as pessoas que seguiam a questão de Fátima deste facto. Mas então como hoje prevaleceu, o desejo de ignorar as graves implicações a que estas contradições podiam levar, envolvendo também a Irmã Lúcia.


Para alguns estes factos teriam prejudicado a credibilidade da inteira Mensagem. Na verdade a sua omissão só alimentou disparates, como dizer que havia duas Irmãs, ou um complô secreto para falsificar o que ela dizia, distorcendo todo o seu testemunho, etc. Teria sido mais fácil reconhecer que a Irmã, diante da gravidade do Segredo e sob a pressão das autoridades actuais, ligadas, passiva ou activamente à hecatombe papal da sua “visão”, preferiu obedecer-lhes. Trata-se de dois diferentes testemunhos de Lúcia em duas épocas diversas; um autentico e original antes da morte de Pio XII, outro depois desta, que se lhe opõe porque seguiu o aggiornamento conciliar. Mas isto não altera a credibilidade do Segredo, cuja real interpretação não pode ser mudada pela contradições de Lúcia; antes, estas podem nos fazer deduzir as outras, intrínsecas ao Segredo, que evidenciam os que participam no “mistério de iniquidade”.


Este é o mistério tremendo que levou a pobre Irmã à aceitar em nome de uma falsa obediência o que lhe era ditado. Assim minha comunicação não interessou e restou como uma pequena nota (pg. 474) do livro do Irmão François da CRC, "Fatima Joie Intime, Événement Mondial."




4° mistério - Censura de um segredo apocalíptico pelo obscurecimento da clareza esperada em 1960




A "nova ordem religiosa" do Vaticano conciliar, com suas distorções doutrinais e litúrgicas, e revisões da Mensagem de Fétima, continuou sem obstáculos seu curso até a presente "interpretação" do Segredo. Eis a misteriosa história dessa “instrução” dada em 1989 a alguns sobre a “consagração já feita”, que se estende hoje a todos e a todo o Segredo:


“Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento.”


Com a interpretação vaticana do Segredo tudo foi desviado para o campo de suspeitas projecções religiosas, isto foi desvelado pela menção elogiosa ao jesuíta Edouard Dhanis, autor da ‘análise teológica’ que, negando o que chamou de ‘Fátima 2’, negou a autenticidade do Segredo.


Seria esta uma segunda tentativa de arquivar a Profecia, se não no seu texto, no seu alto sentido? O facto é que tal publicação evidenciou que o Vaticano actual não consegue explicar o sentido da mensagem profética, da razão do seu longo sigilo e portanto não pode deixar de provocar uma difusa perplexidade. A Senhora de Fátima queria o Segredo desvelado desde 1960, porque então seria mais claro, os novos chefes vaticanos, porém, temendo tal clareza não quiseram que o Segredo viesse à luz, antes no seu texto, hoje na sua dimensão apocalíptica. Será que para o cardeal Ratzinger também o Apocalipse deve ser arquivado ?


Nos anos anteriores a 1960, quando se esperava que a terceira parte do Segredo seria dado ao conhecimento do mundo, houve um natural “crescendo” de interesse e excitação da opinião pública diante das revelações de Fátima. Afinal, tratava‑se de anúncios sobre o destino da humanidade dados pela Mãe Celeste. Ora, o que concerne à salvação das almas sempre foi central na predicação e ensino católicos, e o interesse universal por um segredo que vinha completar uma luminosa mensagem já em grande parte conhecida teria sido, se bem utilizado, um precioso auxílio para convocar as multidões à oração e preparar os homens à penitência que salva. Mas assim não foi. Deveras estranhamente, os prelados e o clero católico, que nunca temeram nem evitaram a predição sobrenatural, desta vez pareciam muito mais preocupados em desviar a atenção dos fiéis de revelações e segredos do que utilizá‑los para um bom fim. Havia mais fé da parte do povo que se interessava pela mensagem do que nos religiosos e sacerdotes que dela desviavam, como se Fátima fosse sinal de ilusão e superstição em grande escala. Mas, não seria difícil ver que se essa atitude foi geral entre os homens da Igreja, era porque o exemplo vinha de cima.


E o resultado inevitável quando há um vazio mental, ou quando se propicia um vazio de fé, é que esses sejam preenchidos pelo que de vulgar e de mau está sempre à espreita para infiltrar‑se. Foi assim que as piores tendências e interesses que permeiam os meios de comunicação social puderam conduzir o assunto, fazendo fermentar uma atmosfera de sensacionalismo que alimentou uma mórbida curiosidade pelo mistério e pavores de catástrofes materiais, num sentido pouco católico e, portanto, alheio à mensagem.


O modo como foi acolhida a publicação da entrevista ao padre Fuentes da vidente Lúcia, que veremos adiante, é exemplo disto, e a reacção do aparato eclesiástico que achou por bem condenar a reacção do público às palavras que advertiam o mundo, deixa à mostra o grau de aversão de muitos homens da Igreja a tudo que tenha carácter sobrenatural e, portanto, envolva suas responsabilidades religiosas. Ora, as mensagens marianas e também os milagres, que são graças para os homens, deste modo acabam por ser verdadeiros desafios para eclesiásticos esquecidos dos seus deveres.


Em 1967, o clima de desilusão pelo silêncio que se fez sobre o segredo dado pela Mãe do Céu o cardeal Alfredo Ottaviani, na conferência já mencionada do dia 11.2.67, forneceu noticias sobre o Segredo: “Quanto ao envelope contendo o 'Segredo de Fátima', foi recebido fechado pelo bispo de Leiria e embora Lúcia lhe tenha dito que poderia lê-lo, não quis fazé‑lo. Quis respeitar o segredo também por deferência para com o Santo Padre. Mandou‑o ao núncio apostólico, então monsenhor Cento, agora cardeal e aqui presente, que o enviou fielmente à Congregação para a Doutrina da Fé que lho havia requisitado para evitar que questão tão delicada, não destinada a ser dada ao apetite do público, caísse por qualquer razão, fortuita em mãos estranhas. Assim chegou o segredo. Foi trazido à Congregação e, fechado como estava, foi levado a João XXIII. O papa abriu‑o. Abriu o envelope e leu. Embora em português, disse‑me depois que havia entendido tudo. Ele mesmo em seguida colocou o segredo num outro envelope, selou‑o e encaminhou‑o a um daqueles arquivos que sendo como um poço no qual os papeis afundam profundamente no escuro, escuro onde ninguém vê mais nada.


“Eis porque presentemente é difícil dizer onde esteja o 'Segredo de Fátima' Mais adiante, acrescenta: "Eu, que tive a graça e o dom de ler o que consta do texto do segredo, ao qual portanto estou vinculado, posso dizer que tudo o que há em circulação a respeito é fantasia."


Como se vê, a existência desse segredo não é fantasia, como não se pode negar que o seu conteúdo se dirigia às consciências católicas como um testamento, que não pode ser de nenhum modo indiferente aos fiéis.


Quem censurou e desvia dessa Mensagem sobrenatural, de João XXIII em diante, só pode faze-lo porque tem um plano contrário à Fátima.


Ora, o cardeal Ratzinger conclui sua nota teológica dizendo:


Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que si­gnifica no seu conjunto (nas suas três partes) o «segredo» de Fátima? O que ela nos diz ? Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que «os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do "segredo" de Fátima parecem pertencer já ao passado». Os diversos acontecimentos, na medida em que Ia são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece ‑ dissemo‑lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do «segredo» ‑ é a exortação à oração como caminho para a «salvação das almas», e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão.


Sobre a ‘curiosidade’ - Ora, ocupar-se de reconhecer os sinais do tempo em que se vive não é passatempo nem curiosidade gratuita, mas uma inalienável precaução diante da vida social e espiritual de cada um; é vigilância sobre o que pode ameaçar o nosso decurso terreno, momento em que se decide o nosso destino eterno. Nosso Senhor disse: "Sabeis julgar o aspecto do céu e da terra, como é que este tempo não sabeis julgar ?” (Mt 16:4; Lc 12:56)


João Paulo II por ocasião da viagem à Alemanha em 1981 fez alusões ao Segredo que foram registadas e publicadas pela revista Stimme des Glaubens (10‑81), e reproduzidas e comentadas por Dom Francesco Putti (Si si no no, Jan. 82): “Ter silenciado o segredo equivaleu a acusar a Rainha do Céu de imprudência e de inoportunidade e a considerar a prudência humana superior à celeste.” Quanto à frase de João Paulo: “Muitos querem saber por simples curiosidade e sensacionalismo mas se esquecem de que saber comporta também responsabilidade...”: Não é um fato real, nem demonstrável que muitos querem saber só por curiosidade e sensacionalismo. Além disso, de uma natural curiosidade pode nascer um sincero arrependimento e propósito de emendar-se.


“É doutrina comum da Igreja, que Deus move as criaturas segundo seu comportamento natural. Ora, sendo a curiosidade mola do conhecimento os homens, é claro que a graça divina não deixará de mové‑los partindo justamente do limite extremo dessa curiosidade natural. È verdade que conhecer comporta responsabilidade. Isto em relação ao livre‑arbítrio, que pode decidir rejeitar o bem conhecido. Mas o conhecimento em si é um bem, porque aumenta as possibilidades de agir rectamente. Por isto, instruir as almas é um dever, e quem se nega a fazê‑lo é culpado de omissão e co‑responsável da ruína do próximo. Enfim, visto que o castigo pende sobre toda a humanidade, é lógico pensar que a Virgem Santíssima queria que cada assumisse suas próprias responsabilidades. Existe, portanto, um direito dos homens de conhecer a mensagem celeste que nos diz respeito e cujo desprezo pode trazer‑nos consequências apocalípticas. As revelações de Fátima não se destinam ao bem pessoal de irmã Lúcia ou do sumo pontífice, mas a toda a humanidade. Quem pode negar à Mãe dos santos e dos pecadores o direito de comunicar algo a seus filhos? O papa, dir‑se‑á, é juiz das aparições e de suas revelações, na Igreja. Mas a aparição e as revelações de Fátima foram declaradas autênticas justamente pelo papa. Eis a incoerência: de um lado, reconhece‑se que em Fátima a Mãe de Deus falou para a salvação da humanidade; de outro, acrescenta‑se: mas o que revelou não é prudente dar‑se a conhecer.” Assim esses prelados insistem em levantar a objecção da ‘curiosidade’.


O Cardeal termina falando de: “uma outra palavra chave do «segredo» que justamente se tornou famosa: « o Meu Coração Imaculado triunfará ». O que significa ? Segue uma ‘explicação’ vaga que evita o facto principal: que este triunfo não pode ser outro que o retorno à Fé, íntegra e pura, pela qual foram traspassados o Sagrado Coração de Jesus e o Coração Imaculado de Maria; para que fossem desvelados os pensamentos secretos de muitos” (Lc 2, 35).




5° mistério - O Segredo englobado pelo novo ecumenismo




Desde a Introdução vimos assinalando as insídias e os erros com que a Revolução assalta a Igreja, por fora e por dentro, para destruí‑la (e eliminar o Papado), Mas, mesmo quando seus inimigos em 1914 dominavam quase todo o mundo civil e estavam. infiltrados em seu seio em posições importantes, como revelou S. Pio X, as defesas doutri­nais e litúrgicas estavam íntegras e continuava vivo o espírito missionário de tudo instaurar em Cristo. Espírito que não deriva de uma atitude pessoal de algum papa, mas é inerente à doutrina evangélica e à Tradição de que emana o Magistério papal pelo qual as leis humanas devem submeter‑se às leis divinas, aos princípios revelados e ensinados pela Igreja. Estes não são optativos e não há liberdade civil ou religiosa dos homens quanto à Lei imutável de Deus. Os Estados estão, como os indivíduos, vinculados a ela. Por isso, a chamada separação entre o Estado e a Igreja, que é a depositária da Revelação única, corresponde à separação deliberada dos homens em relação a Deus. Facto diante do qual um católico não pode ficar impassível e muito menos uma autoridade da Igreja calar‑se. Vai nisto uma questão doutrinária, e S. Pio X levantou sua voz e exerceu sua acção para dirimir toda confusão a respeito. Preferiu suportar as represálias materiais do governo liberal‑maçónico da França e depois de Portugal, antes que aceitar qualquer compromisso acerca do princípio da união da Igreja com o Estado.


Depois de 1914 começou a declinar o testemunho intransigente do direito de Deus. As guerras e desgraças do mundo sopravam. um hálito de pavor e morte, suscitando nos líderes religiosos uma nova política de concordatas alimentadas por uma tendência aos compromissos a todo transe. Pareceu possível ao Vaticano dos anos vinte propor concordatas e acordos com potências do ateísmo militante, abertamente inimigas da Igreja. Certamente não era o que mais se coadunava com a Mensagem de Fátima, que por esta razão nunca foi inteiramente acolhida. Isto foi fruto de uma política arriscada, mas jamais desviada da Fé, pela qual os papas católicos sempre estiveram prontos a morrer. A visão do Segredo confirmou isto. Mas o que sucedeu depois da morte de Pio XII ?


Tudo se passou no Vaticano como se a Revolução tivesse ocupado a Igreja, em cujo nome fizeram documentos e actos inimagináveis. E os venenos conciliares continuam a agir com força sobre João Paulo II, que desde então operou uma escalada ecuménica além de toda decência. Isto vai entremeado de actos de índole mariana e conservadora que, longe de rectificar as mudanças, agrava-as no contraste com a tradição religiosa.


A lista é longa (FA, pp. 200ss.) e atingiu seu ápice com a cerimónia do dia 27 de outubro de 1986, um encontro de oração pela paz em Assis para a qual João Paulo II convocou os representantes das grandes religiões do mundo e ali declarou: "Que tantos líderes religiosos estejam aqui juntos para rezar... a fim de que o mundo tome consciência de que existe outra dimensão da paz...




“Não é o resultado de compromissos políticos e acordos económicos, mas o resultado da oração que, na diversidade das religiões, exprime uma relação com um poder supremo que está por cima de nós. ... Nosso encontro só testemunha ... que na grande batalha em favor da paz, a humanidade, com sua grande diversidade, deve tirar sua motivação das fontes mais profundas e vivificantes nas quais a sua consciência se plasma e sobre as quais se fundamenta a acção moral de toda pessoa. ... Daqui iremos a diferentes lugares de oração. Cada religião terá o tempo e a oportunidade de exprimir‑se em seu próprio rito tradicional."


Foi assim que o mundo assistiu ao espectáculo de bonzos incensando um Buda colocado sobre o Sacrário de um altar católico, pois na igreja de S. Pedro em Assis havia sido removido o crucifixo.


Concluindo as orações pela paz, João Paulo II diz: "Eu professo de novo minha convicção, condividida por todos os cristãos, de que em, Jesus Cristo, salvador de todos, pode‑se encontrar a paz. ... Repito aqui humildemente a minha própria convicção: ‑ a paz leva o nome de Jesus Cristo. "


Como conciliar a ‘convicção’ expressa nestas palavras com o convite de oração pela paz feito aos representantes de crenças não cristãs ? Pode um papa ignorar sua missão de ensinar e confirmar a fé que só há paz verdadeira e universal na fidelidade à Vontade divina de Jesus Cristo?


O Grande Oriente da Itália declarou (abril 1987): "O nosso inter- confessionalismo nos causou a excomunhão de 1738 por parte de Clemente XII. Mas a Igreja estava certamente em erro se é verdade que dia 27 de outubro de 1986 o actual pontífice reuniu em Assis homens de todas as confissões religiosas para rezar pela paz. Que procuravam de diferente nossos irmãos quando se reuniam. nos templos senão o amor, a tolerância, a solidariedade e defesa da dignidade humana, considerando-se iguais acima de todo credo político e religioso ?"


A Maçonaria dava razão a João Paulo II, que dava razão a esta e a imitava em detrimento de tudo quanto a Igreja ensinou.


Ora, para quem cré que é possível pedir pela paz sem invocar o santo nome de Deus e professar Sua fé, também a Mensagem de Fátima, pela qual Deus confiou a paz do mundo ao Imaculado Coração de Maria, não pode ter sentido, ou pelo menos importância. De facto, o ecumenismo de Assis não é conciliável como o verdadeiro ecumenismo fiel de Fátima que convida ao retorno à fé, à esperança e à caridade católicas.


A prova disto é que uma imagem de Nossa Senhora de Fátima levada a Assis por ingénuos peregrinos da Calábria ficou na ocasião excluída das igrejas católicas; as fotos mostram-na num relvado distante.




A interpretação católica do Segredo de Fátima




A visão terrível do inferno e dos crimes do mundo, culminantes na hecatombe do Papa católico, filtrados pelo olhar singelo dos pastorinhos, chama, acima da malícia de alguns e do escárnio de muitos, a ouvir a grande Profecia de 1917. E visto que tudo o que vem do Alto é para a conversão dos homens ao bem, fazendo tesouro dessa visão apocalíptica de nosso tempo, poderemos testemunhar, na fé, esperança e na caridade da penitência cristã, a força para que seja removido o que impede e dado o que falta para edificar o reino sublime que regerá um mundo pacífico: o amor imaculado ao Bem e à Verdade do Coração de Maria.


Para atingir essa meta insuperável os homens receberam a Mensagem evangélica. A ignorância e o desprezo dela nos tempos modernos foi a causa dos terríveis males preditos nos avisos marianos, que culminaram no Evento de Fátima, mas a fé de então não bastou para fazer com que o mundo reconsiderasse seu curso perverso, voltasse ao bem e tomasse consciência do fim espiritual da vida humana. Deve-se pois iniciar todo discurso sobre esse sinal que foi sancionado pelo Milagre do Sol; “para que todos pudessem crer”, acentuando sua suprema importância. Isto depende do modo como é recebido porque “quem recebe um profeta como profeta, terá a recompensa do profeta” (Mt 10, 41). Mas quem, ao contrário, nega a relevância profética do Segredo de Fátima, assume uma posição anti-profética diante dos verdadeiros sinais dos tempos.


Visto o texto da Mensagem de Fátima para reconhecer a ajuda aos filhos de Deus, para que reconheçam os males do mundo, passemos à sua interpretação segundo o Magistério da Igreja e o senso comum.





Que foi feito da frase que a Irmã Lúcia acrescentou na 4a. Memória: - Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc., ignorada na actual apresentação do Segredo. A razão porque se ignorou a frase que fala da preservação da Fé foi desvelada pelas mudanças do Vaticano II.





Para entender o Segredo tivemos que enfrentar novos mistérios. Mas o que deve interessar acima de tudo è o mistério próprio de sua mensagem.





Vimos que a parte conhecida introduziu a parte secreta com frases em que Nossa Senhora repete quatro vezes a palavra ‘Se’. O condicional implica uma continuação dos progressivos flagelos anteriores pelos quais ‘se não deixarem de ofender a Deus... (no tempo de...) - Deus... vai punir o mundo dos seus crimes, por meio de perseguições à Igreja e ao Santo Padre: do martírio dos bons e do grande sofrimento do Papa.





A perseguição à Igreja e ao Papa evoca uma passagem evangélica em S. Mateus: “Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho serão dispersas” (Mt 26, 31). Quando o Senhor é a um tempo o Pastor e quem permite o seu abatimento, não faz entender que isso equivale a retirar-se ?


De facto há que distinguir entre duas formas de perseguição à Fé: uma directa, dolorosa mas edificante para a Igreja porque participa na agonia de Jesus e na subida pela escabrosa montanha da Cruz; nela se edificou a Cristandade para o bem do mundo. A outra da conciliação mundial das crenças numa paz sem Cristo É a apostasia dos pastores, que seguindo pela estrada larga das liberdades humanas, abatem a verdadeira Igreja para edificar uma ‘religião universal’ que leva o mundo à perdição.


A Terceira parte do Segredo vai mostrar essa perseguição, diversa das anteriores, que fará com que o mundo, pela própria acção, vá ao encontro de um desastre pior que as terríveis guerras do último século.





Compreende-se isto considerando que quando o mundo, em nome da liberdade, suprime a Autoridade da Palavra divina, ele está cortando o oxigénio da vida espiritual, o alimento da vida social, o amor pelo bem e pela verdade que rege a sociedade. Em outras palavras, sem a voz livre do Papa e da Igreja de Jesus Cristo, que é a Verdade, o mundo fica enredado pelas suas ilusões, erros, imoralidades, violências e delitos mortais; é reduzido à uma cegueira moral que o impede de defender o verdadeiro bem do mal, que se alastra então desencadeado.




Como distinguir as duas diversas formas de perseguições à Fé.






Todo o poder da Igreja provem da agonia, paixão e morte na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Papa católico ensina que tal perseguição é uma das notas constantes da Igreja. Esta se manifesta com a violência para destruir a Igreja materialmente, mas jamais a venceu, ao contrário serviu sempre para reforçar a Fé e com ela a Igreja. Como a paixão e a morte de Jesus, todo esse sofrimento na Fé santificou muitas almas.


Há pois que distinguir esta de uma outra forma de perseguição, que introduz ataques internos à Igreja: heresias, cismas, e a erosiva aversão à luta contra o mal, que leva à ideia de sua conciliação com o mundo. É a perseguição que vai contra a razão mesma da Autoridade da Igreja e do Papa, cujo poder das chaves provém do Sangue de Cristo, sem o qual a força da Igreja esvai-se e ela é levada ao seu aniquilamento.


A nova perseguição se manifesta com compromissos estranhos ao espírito da Igreja e ao dogma da Fé e traições internas.


Eis o que é o mistério da iniquidade: o abuso da Palavra, com a cobertura de uma autoridade que se apresenta como divina para pregar a conciliação, não mais ao nível de pessoas, mas de religiões; uma contradição metafísica. Prega a conciliação com o mundo para evitar a inevitável perseguição da parte de seus erros mortais. Esta forma de perseguição à Fé se realiza pela supressão da sua defesa que reside, como se lembrou, na agonia, paixão e morte na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Seus executores, externos e internos à Igreja, almejam a eliminação do Papa que sofre pela Fé. Eis a perseguição contra o zelo pela Fé, cuja sedução de engano aumenta de modo inimaginável a alienação das almas da Cruz, em favor do espírito do mundo.


Para conhecer a natureza dessas perseguições da Igreja e do Papa há que ouvir os próprios papas nas horas cruciais da história moderna.



A pior perseguição da Igreja
é aquela pela qual “a Esposa santa e imaculada de Cristo, fora da qual não há salvação, é nivelada às seitas, e também à perfídia judaica, com o estabelecimento da liberdade de culto sem distinção, pelo que se confunde a verdade com o erro” (Enc. Post tam diuturnas, 29.4.1814) do Papa Pio VII.


Na encíclica Mirari Vos do Papa Gregório XVI, contra: "O delírio do indiferentismo religioso... pelo qual em qualquer profissão de fé pode a alma conseguir a salvação eterna, conformando‑se ao que é justo e honesto"; "O erro venenosíssimo de que se deva admitir e garantir a cada uni a liberdade de opinar, a liberdade de consciência, diante da religião..." Trata‑se do conceito moderno de liberdade religiosa e direitos humanos sancionado pelo Vaticano II e apregoado desde então. Contra ele o Papa diz: "Removidos os limites que contém no caminho da verdade os homens, que pela sua natureza propensa ao mal já estão atraídos ao precipício, podemos dizer que em verdade foi aberto o poço do abismo, do qual São João viu sair uni tal fumo que obscureceu o sol, saindo dele incontáveis gafanhotos para devastar a terra. " É a menção do Apocalipse (9, 1): “E o quinto anjo tocou a trombeta; E vi uma estrela cair do céu sobre a Terra. E foi‑lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo...


A este ponto a estrela é o ‘bispo com a chave’, que abriu o poço. Uma autoridade que abriu a Cristandade à ideia de um direito à liberdade religiosa. Um falso profeta que abriu a Cidade de Deus à demolição do mundo, para que o testemunho cristão de fidelidade e penitência fosse eliminado em favor de uma pastoral baseada na justiça e paz da ONU.



O Papa Pio IX na época do Concílio Vaticano I
, avisou do grande perigo - (27.11.1871):Hoje não é mais com a heresia, não é mais com o martírio de sangue que se depara a Igreja para combate-la, mas é, direi assim, o martírio intelectual e moral. Hoje não se faz mais a guerra a uma parte da Igreja, a um aspecto da sua fé, a algum de seus dogmas. Hoje se faz guerra à Igreja inteira. Hoje está contra a Igreja a incredulidade, o ateísmo, o materialismo. Hoje não há que lutar mais com heresias que não existem, ou que não têm importância nenhuma; mas com a indiferença, com a impiedade, que visa arrancar do coração de todo Católico a fé; visa arruinar desde os fundamentos a Igreja de Jesus Cristo, e esta Cidade, tornada preciosa pelo sangue de tantos Mártires, a cair de novo nos miasmas da antiga corrupção, reduzindo-a como sob os Neros, ou melhor Julianos Apóstatas. Para que enfim, a sede venerada da verdade, Roma, tornar-se-ia enfim outra vez, centro de todos os erros. Mas não conseguirão isto, pois Deus defende a sua Igreja.



Portae inferi non praevalebunt.
Uni-vos cada vez mais, meus filhos: nem vos deixeis enganar momento nenhum por vozes mentirosas de uma impossível conciliação. É inútil falar de conciliação, pois que a Igreja não se poderá jamais conciliar com o erro, e o Papa não se pode separar da Igreja”. A inconciliabilidade da Igreja com o mundo moderno é questão de fé. Tal conciliação foi condenada no Syllabus.



A Cristandade
que defendeu por vinte séculos o primado do espiritual e sobreviveu a todo ataque, mesmo às brutais revoluções francesa e russa, foi aluída nos nossos dias pela sedição que reservara para o fim seu aguilhão mais mortal: um aggiornamento clerical. Isto foi possível porque a hierarquia eclesiástica, cujo dever precípuo é preservar a Fé e defender a Cidade cristã, deixou-se seduzir pelo espírito que nutre as utopias modernistas, associadas aos poderes terrenos segundo a palavra de ordem: conciliação com o mundo. O establishment conciliar apoiado pelos media da nova ordem mundial, isolou as vozes que denunciavam publicamente essa evidente oposição. Seguiu a descristianização do mundo com um processo de inversão dos valores sociais, que encontram o seu lógico desenlace num próspero satanismo. A Revolução realizando o seu plano de demolição da Cristandade, substitui os sistemas violentos por métodos culturais que apartaram o pensamento da moral.


Os Papas condenaram esse espírito revolucionário, inclusive o do modernismo, como perversos, porque, em todas as suas variações, se opõem à verdade e ao bem da humanidade, rompem nas consciências a ordem dos princípios divinos acarretando toda uma série de ideias desviadas e comportamentos criminosos que levam a horrores de uma intrínseca desumanidade. A abissal inimizade entre tal espírito e o catolicismo, é descrita pelo Papa Pio XII (Disc. à ACI, 12.10.52): "Ele encontra-se em toda parte e no meio de todos; sabe ser violento e sub-reptício. Nos últimos séculos tentou operar a desagregação intelectual, moral e social da unidade no organismo misterioso de Cristo. Quis a natureza sem a graça; a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; por vezes a autoridade sem a liberdade. É um 'inimigo' que tornou-se cada vez mais concreto, com uma falta de escrúpulos que deixa ainda atónitos: Cristo sim, a Igreja não. Depois: Deus sim, Cristo não. Finalmente o grito ímpio: Deus morreu; aliás: Deus nunca existiu. Eis a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que Nós não hesitamos em apontar como as principais responsáveis pela ameaça que pende sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus. O 'inimigo' empenhou-se e empenha-se para que Cristo seja um estranho nas universidades, nas escolas, nas famílias, na administração da justiça, nas actividades legislativas, no consenso das nações, onde determina-se a paz ou a guerra. Ele está corrompendo o mundo com uma imprensa e com espectáculos, que eliminou o pudor nos jovens e destroem o amor entre os esposos; inculca um nacionalismo que só pode conduzir à guerra".




Pio XII via, já então, este processo tão avançado ao ponto de considerar inútil "ir ao seu encontro para bloqueá-lo e impedi-lo de semear a ruína e a morte". Considerava mais urgente "vigiar, orar e operar, para que o lobo não penetrasse no redil para capturar e dispersar a rebanho".


Depois da sua morte, porém, tal espírito, que é a Revolução de sempre em veste modernista, abriu as portas de um Vaticano sem defesas. Como este espírito de abertura para o mundo é reconhecível nos conciliares? Porque estes, ao contrário dos papas católicos, declaram que o processo revolucionário, civil e religioso, é animado por um espírito profundo e generoso que prepara a fraternidade universal.


Trata-se da revisão completa da Religião da Fé Trinitária; de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, da qual procedem fraternidade e unidade.


Quem nega esta Fé nega que a fraternidade comum proceda do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual, toda a paternidade nos céus e na terra toma nome (Ef 3,14-15); pensa que uma união humana pode determiná-la; professa uma fé noutra fraternidade; de qual pai?


O período em torno a 1960 é referência histórica para a consciência no mundo moderno: houve então a mais radical revolução, que, alterando a religiosidade humana, iria invisivelmente envolver todas as sociedades. Poderia isto ser alheio à Mensagem de Fátima, cujo terceiro segredo, se fosse então revelado, seria mais claro? Não avisava este de um evento sem precedentes históricos, que, sucessivo às duas Guerras mundiais, seria ainda mais avassalador que a Revolução russa? O que senão uma revolução universal de inspiração e origens ocultas, e de proporções e consequências desconhecidas? Sintomaticamente a divina Mensagem que falava de tais erros foi censurada pelos clérigos que preferiam seguir outra voz. Disse Jesus (Jo 5, 43): «Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; quando vier outro em seu próprio nome recebê-lo-eis. Como podeis crer vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que só de Deus vem?». Devemos pois reconhecer a voz deste ‘outro’.


Veremos em seguida a sua operação para cancelar a ideia de Deus nas consciências pelo ateísmo e agnosticismo. Mas atenção, ele já passou à fase sucessiva dessa pura negação de Deus: à fase da substituição; não mais uma nova ideia religiosa, mas a religião universal que revelará como Deus deve ser, para o bem e a paz de todos, para a liberdade e a dignidade do homem em caminho para a nova ordem da divinização da nova humanidade.


A nova justificação: da contestação universal. Os ideólogos dessa nova ordem na esfera religiosa ignoravam porém seu efeito boomerang. O que ela acarretou para a sociedade foi qualquer coisa de devastador também no plano moral e mental. Os anos sessenta, com a contestação social e estudantil e na onda da campanha de desdém pelos princípios cristãos, gerou uma alienação entre a vida civil e a vida espiritual, entre o pensamento e a verdade, entre o homem e Deus. Os erros da revolução levam o homem a alienar, com as verdades existenciais e o culto a Deus, sua própria alma. Destes erros e de suas consequências terríveis fala a Mensagem de Fátima, que não foi acolhida. Ela volta a apresentar-se agora na forma das perguntas suscitadas pelo Segredo.


Além dos erros políticos há os graves erros religiosos da revolução modernista, condenada pela Igreja até os anos cinquenta, que hoje dopa os homens e o mundo católico como um ópio dos povos.


O perigo real para a Igreja é que seus filhos, temendo a agonia de um sofrido embate com os cultores do mundo, para a defesa da fé católica, esmoreçam na intransigência da verdade atraídos pela falsa paz de uma ilusória conciliação. Para a Igreja católica esse seria o momento letal em que essas ideias liberais lhe seriam inoculadas veladamente pelos seus próprios clérigos num ‘concílio ecuménico’ em Roma. Não é acaso o que iniciou João XXIII e foi completado pelo Vaticano II na declaração Dignitatis humanae, para promover um desviado conceito de ‘liberdade religiosa’ e estabelecer uma inaceitável ‘conciliação’ com os erros do mundo? Eis a pior perseguição da verdade de que falaram os papas.




Os textos papais acima e a profecia de Pio IX são pois atinentes à uma perseguição presente, que pode ser reconhecida na ruptura operada pelos documentos do Vaticano II com o Magistério papal. Por exemplo, a declaração citada implica a negação da razão mesma da autoridade papal, que é declarar o império da Lei divina sobre toda a sociedade humana; tudo com a perversidade de ser pronunciada em nome de Deus.


Esse processo eclesiástico para uma conciliação com o mundo, que destroi a Igreja, Cidade de Deus, e aniquila a mesma razão do Papado, poderia ser estranha ao Terceiro Segredo de Fátima ?


Diante da desastrosa realidade religiosa depois de Pio XII, vamos ainda lembrar as mais pertinentes deduções concernentes o conteúdo do Terceiro Segredo , ligadas à Mensagem de La Salette.




Os factos centrais de Fátima estão ligados à Roma e ao Papa.




Quanto à doutrina, é fato revelado que a abominação de desolação se dará no lugar mais alto, no Trono do Lugar santo, na Roma que se tornou a Babilónia prostituída aos poderosos da terra (Apl 17-18, IITs 2) e este conceito foi repetido pelos próprios papas, que acolhendo a Mensagem de La Salette: “Roma perderá a fé e tornar-se-á a sé do Anticristo”, invocaram a ajuda divina contra esse supremo perigo.


Leão XIII compôs um especial exorcismo dizendo ali onde está constituída a sé do beatíssimo Pedro... ali colocaram o trono da abominação de sua impiedade’ (FA, p.165). E seu sucessor, S. Pio X, na sua primeira alocução papal disse ser lícito pensar que o anticristo já estava presente. Para reconhece-lo devemos ter em vista seus objectivos: Roma, o Lugar santo onde ‘imaginará que pode mudar os tempos e as leis’ (Dn 7, 25); o ecumenismo de conciliação das crenças do mundo, para realizar uma paz e uma liberdade autónomas de Cristo. Esta apostasia tácita está nos documentos do Vaticano II.


Considerando o gravíssimo aviso dado em La Salette em 1846 para o futuro, poderia a Mãe de Deus deixar de repeti-lo ao aproximar-se o seu tempo, indicando a hora fatal da realização desse engano máximo? Impossível. O véu permanece sobre o flagelo sem precedentes só porque nas questões de fé cabe à fé desvendá-lo. Eis que o Terceiro segredo vai fazer ver o que já foi anunciado, no tempo presente: “Roma perdeu a fé e tornou-se a sé do Anticristo”. Como ? S. Paulo fala aos Tessalonicences (2Ts, 2) da sequência dessa manifestação do “homem do pecado” que ocupará o trono de Deus: a apostasia geral e uma remoção especial.




O que impedia aos católicos entender a importância da Aparição e da Mensagem de Fátima para acolhe-la, honra-la e segui-la devidamente ?


Temos uma referência no Magistério de Pio XII, chamado o ‘Papa de Fátima’. porque no dia em de sua consagração episcopal em Roma, pelo Papa Bento XV, Nossa Senhora aparecia pela primeira vez em Fátima.


Pio XII recorreu em parte a este recurso durante a II Guerra mundial. Mas só se prestou maior atenção a ele depois que meia Europa caiu sob o domínio soviético. Cinquenta anos após a revolução russa, o sinal dado pela Mãe de Deus foi reconhecido pelos chefes comunistas como o "principal deterrente do avanço da revolução ateia no mundo", como assinalou o ex. comunista convertido Hamish Fraser (suppl. Approaches - 95, "Fátima - o quarto segredo",).


O problema é que a geral “apostasia” permite ao inimigo que, sem resistência, seja “tirado do meio quem o retém”; a remoção de quem representa o poder de Deus na terra. O Papa católico ? A Terceira parte da Profecia de Fátima, cujo aviso jazia arquivado no Vaticano, completa o quadro de um mundo apóstata sobre cujos erros e crimes já pesava a espada do juízo divino. Ele mesmo desencadeou sobre si o flagelo final. Trata-se da perseguição mortal à autoridade do Bem e da Verdade; do “pastor ferido” cuja ausência deixará a grei na dispersão e o mundo numa babélica confusão.


Para a compreensão de que tudo isto se liga à Mensagem de Fátima há que seguir as questões que pertencem à sua história e ao que se lhe opõe, isto é, o curso histórico da Revolução que difunde os erros da Rússia. Às suas etapas correspondem, como veremos, as da história do Segredo.




Uma hecatombe? Porque, quando e quem são os seus executores?




Para entender quais são as forças que miravam tirar o Papa católico do meio e o momento da consumação desse facto mostrado na visão da hecatombe papal do Segredo, há que rever a historia à luz do Evangelho.


Antes de fazê-lo devemos porém lembrar que a visão simbólica se confirma como um aviso sobrenatural que, avalizado pelo Milagre do Sol, é de extrema gravidade: o Papa morto representa Cristo, a Igreja católica e o Papado. A hipótese que a visão se refira a um determinado pontífice, visto que a um papa sucede outro, reduziria a sua importância; negaria a sua natureza de aviso extraordinário sobre um evento histórico culminante e decisivo na história da Igreja. Para o católico consciente que o Papado sempre será, pela sua natureza, alvo dos inimigos da Igreja de Cristo, a única interpretação plausível da visão de Fátima é de uma hecatombe não redutível à pessoas ou a factos. Mas João Paulo II interpreta essa visão à luz do atentado falhado de 1981 contra si mesmo. Não só, mas ainda faz dizer que se trata de um facto superado.


Só a indiferença diante da defesa da Fé e da Igreja poderia minimizar o perigo desses atentados letais, sugerindo que não são mais actuais num mundo liberal que até aplaude e exalta o chefe do Vaticano hodierno.


Na verdade o que não é mais actual é a atenção às questões da Fé. O que demanda dos fiéis uma redobrada atenção para com tudo o que lhe diz respeito, como é neste caso o Segredo de Fátima, que deve ser visto na dimensão que se apresentou como Sinal da Providência.


E temos hoje novos sinais em torno desse Sinal. Um destes se revelou no pretexto para a abertura do Segredo com a tentativa de apropriar-se da sua importância e da atenção que lhe atribui o mundo católico; outro sinal vem da surda perplexidade que esta apresentação provocou. Ora, o fiel que recebe o Segredo como Sinal da Providência, por causa desses novos indícios, pode ser solicitado a aprofundar a justa compreensão de seu sentido real, que desde 1960 seria “mais claro”, como havia dito a Vidente Lúcia ao Cardeal Ottaviani. Em outras palavras, a manipulação actual dessa Profecia, pode surtir o efeito oposto, no sentido de provocar uma geral tomada de consciência da grave mutação eclesial hodierna.


Aprofundar pois a Mensagem de Fátima é vital para a vida da Igreja e o bem dos homens. Por isto deve-se responder às suas questões, que reflectem a extrema actualidade do aviso sobrenatural, confirmado pela história, mas que a interpretação do Vaticano actual tenta esvaziar.


Nisto alegam a anuência da Irmã Lúcia. Para essa investigação havia pois que verificar o valor do testemunho fundamental da Irmã Lúcia. Isto foi visto aqui, verificando o que encobre a insistência do documento editado sobre o Segredo de Fátima pela Congregação para a Doutrina da Fé e a posição desta diante de duas questões misteriosas: - negando que o Segredo deveria ser revelado a partir de 1960; - afirmando que a pedida consagração da Rússia já fora satisfeita e a paz voltou ao mundo.




A hecatombe moral e a desordem do mundo.




Qual a situação moral do mundo contemporâneo à luz da Profecia?


A decadência do mundo contemporâneo é geral e profunda, atinge todos os campos a todos os níveis: da família ao estado, da justiça à política. Onde não há guerras iníquas há violência e corrupção infrene. Convive-se com a imoralidade e o delito. Nunca a autoridade foi tão necessária; nunca tão ausente. Jamais houve controles tão potentes, jamais tal desgoverno. No plano dos fatos a tentação moderna a substi­tuir a ordem cristã por uma nova ordem redunda num descalabro: não há mais como recorrer a poderes humanos para conter desordens nacio­nais e massacres internacionais. Negada a origem divina da ordem e da autoridade, a sociedade humana não è mais livre, mas degradou-se.


- Quando não há Deus, tudo é permitido -


Qual a relação causa-efeito entre a fé em Deus e a desordem social?


O bem do ser humano e de sua sociedade é conexo com sua razão de ser: com o seu princípio e fim. Como poderíamos conhecer o nosso bem durável, desconhecendo o nosso fim último?


Como poderia o bem da sociedade humana ser alheio ao fim último de seus membros? O homem pode distinguir um bem de um mal imediato, mas não pode conhecer por si mesmo o próprio bem permanente, ligado ao fim da vida humana. Eis que precisamos do Logos, do Princípio de todo saber, para discernir o nosso fim último e acolher o bem e afastar o mal para que a sociedade humana se governe na justiça. Ao negar a Verdade que a Igreja ensina, o homem se priva da lei para a distinção entre o bem e o mal, e torna mendaz sua detecção do mal que, como uma infecção da alma humana, se alastra causando crises morais e mentais, provocando uma desordem universal de desfecho letal para a sociedade.


Eis o resultado da perseguição demolidora da Igreja e do Santo Padre.


Seguindo estas palavras somos conduzidos à visão do desenlace de uma inteira época histórica: se não forem atendidos os pedidos divinos, mas se continuar na ofensa a Deus, depois da guerra pior, o mundo será punido dos seus crimes... por meio dessa perseguição (devastadora) da Igreja e do Santo Padre. Castigo que vai também aniquilar várias nações (cristãs); Portugal (somente?) conservará o dogma da Fé. Esta excepção, provavelmente obtida pela penitência de muitos peregrinos, não é pura e simplesmente a conservação da Fé, mas do seu cerne, o dogma. À luz de Fátima, Portugal se demonstra fiel ao que implica a penitência cristã e à recusa de votar sobre o que ofende a Lei divina (no caso a lei do aborto).


A destruição moral e religiosa do mundo é hoje um facto evidente.


Esse desastre havia sido previsto em termos inflamados por Pio XII, especialmente no fim do seu Pontificado. Quando o Vaticano actual, na sua conferência sobre o Segredo de Fátima, evita alusões à ruinosa situação moral e religiosa que se verificou nos novos tempos, reforça o seu contraste com o Pontificado precedente, mesmo se diz continuá-lo. É a razão porque a sua interpretação suscita uma geral reacção de suspeita da parte, seja dos progressistas que desejando uma nova igreja querem a ruptura completa com as profecias de desgraça, quer dos tradicionalistas que esperavam a reconsideração vaticana da gravidade dessa profecia.


A presença de cadáveres na visão do Segredo, que não são de mártires, poderia reflectir a ruína romana manifestada na apostasia geral, epílogo do declínio seguido pela eliminação do testemunho católico neste século.


Há que continuar a investigação verificando mais três questões que fornecem indicações sobre o Segredo:


- A ordem dada à Lúcia por Nosso Senhor em 1931 de comunicar aos Seus ‘ministros’ as consequências por não terem atendido ao pedido de consagração da Rússia, comparando o destino destes com a desgraça que a Revolução fez abater-se sobre o Rei da França;


- As indicações fornecidas pela Irmã Lúcia sobre a forma e o período em que começou a ruína eclesiástica, agora desvelado pelo Segredo na visão da hecatombe das testemunhas católicas com o Papa. Para isto há que rever o ‘caso’ da entrevista de Lúcia ao Padre Fuentes de 1957, tempo de Pio XII, que ela teve que negar publicamente em 1959, nos novos tempos de João XXIII’;


- Os textos evangélicos, especialmente do Apocalipse, que Lúcia, junto ao cardeal Ratzinger, dizem fazer parte do conteúdo do Segredo, de tal modo que as ‘metáforas’ apocalípticas se ajustam admiravelmente a eventos de nosso tempo.


Ora, diante da universal apostasia é lícito pensar que Deus daria um último sinal antes de permitir que Sua voz se calasse por um tempo no mundo que não quis ouví-Lo. De facto a visão inicia com o apelo angélico à penitência, que também ficou censurado junto à hecatombe que se seguiu por falta de penitência.


A simbólica morte do Papa sob os tiros e as flechas dos seus inimigos corresponde à realidade de sua eliminação e consequente vacância da sua voz e autoridade na Igreja e no mundo. Isto avaliza a interpretação de que Deus vai permitir (por um tempo) uma eclipse da Sua luz na sociedade humana; Segue a escalada e ocupação do Templo de parte dos promotores do culto do homem e de suas hordas armadas de erros fatais. A profecia dessa suspensão está no Livro do Profeta Daniel e foi confirmada pelo Senhor (Mt 24, 15-25): "Quando vereis a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, posto no lugar santo - quem lê entenda - ... surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão grandes portentos e milagres, ao ponto de induzir em erro, se possível, até os eleitos. Eis, Eu vos predisse".


Trata-se do engano introduzido no que é sagrado; na ruptura culminante na "fortaleza do Céu", no lugar do Santo Sacrifício; no ato perpetuado na Missa católica, "sacrifício quotidiano suspenso quando se levantará a abominação da desolação" (Dn 12, 11).


De facto o Sacrifício perpétuo "é para a vida espiritual e moral de todos os povos do mundo o que é o sol para a vida natural da terra” (S. Francisco de Sales); ele é a razão vital do Papa católico, primeiro confessor da regra da oração na Santa Missa, que é a lei da Fé da Igreja. Contra ela foram projectadas as setas mortais da Lumen Gentium e de outros documentos do Vaticano II que, emblemáticos da ruptura velada com a Fé da Igreja, o são também do atentado mortal ao Papa católico.


Ora, antes de 1960 a Santa Missa católica não havia sido tocada, mas um inovador já ocupava a Santa Sé e convocara o Vaticano II, fulcro de uma revisão litúrgica da ideia de sacrifício. Isto servia ao ecumenismo aceitável para os Protestantes, conscientes da lição de Lutero de que abolir o Sacrifício da Missa católica era abolir o Papa.


A Mensagem representando a continuidade católica, isto é a Tradição, mostra a revolução que se lhe opõe: o modernismo conciliar, contrário a esse triunfo da Fé. Muitas vozes católicas tentaram mostrar ao mundo a evidente dicotomia entre a Fé católica e o Vaticano II.


Hoje temos, de um lado o plano conciliar de uma paz obtida pela união de todas as religiões e ideologias do mundo, do outro, o plano de Fátima, cuja visão mostra a morte do Papa e que conclui lembrando as razões da verdadeira esperança no triunfo final do Imaculado Coração de Maria sobre as portas do inferno. Estas não prevalecerão sobre a Fé da Igreja e o Papa que, por fim cumprirá a consagração da Rússia e vai guiar o mundo a um tempo de paz.


Mas onde está o Papa católico hoje?




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Apêndice:




O livro citado de padre Alonso sobre o segredo de Fátima, apesar das muitas informações objectivas e comentários ponderados, não dei­xa de conter um conformismo exagerado tendente a justificar, a todo transe, a decisão papal de arquivar no silencio o Terceiro Segredo. Con­sidera o autor, por exemplo, que a atmosfera de curiosidade e espera ansiosa, criada em torno dessa parte desconhecida da mensagem, seria razão suficiente para não torná‑la pública, evitando assim que fosse exposta a manipulações sensacionalistas, bem como a deformações de seu conteúdo. Na verdade, as deformações ocorrem em consequência da pouca ou má luz, não da clareza. Além disso, não faltam à Santa Sé recursos e meios para explicar o que possa considerar necessário, também sobre a própria parte em relação a uma mensagem que não foi até agora considerada mais que uma revelação privada, apesar de a aparição que a trouxe ser reconhecida autentica pela Igreja. Se deve haver cuidado e prudência, isto é devido mais ao valor que à forma das palavras, e se tudo o mais da mensagem é inatacável, e nem por isso tem o aval oficial da Igreja, por que isso seria problema para a parte menor? Não se explica.


Há em toda essa questão uma espécie de inversão lógica, pois uma mensagem, assim como uma notícia, é dada em função do que deve comunicar. Não pode uma comunicação objectiva, nem deve deixar de existir, ou ser manipulada, em função de supostas reacções subjectivas a evitar. Tais métodos podem hoje ser comuns nas mãos de manipuladores da opinião ou profissionais da propaganda, mas são indignos se aplicados pelos vigilantes eclesiásticos da verdade. É a pior censura, que cedo ou tarde vai desmascarar seus autores: não mais a proibição do que è objectivamente mau e nocivo à moral dos povos e à edificação das almas, mas supressão de uma notícia que, sendo de origem celeste é essencial e necessária, com a hipócrita desculpa de proteger as gentes de uma turbação espiritual e de avisos que, sacudindo as consciências, são a razão mesma da mensagem. É como censurar o aviso de desgraças porque perturbador, a visão do inferno porque horrenda, o alerta contra falsos profetas porque subversivo, o mistério da iniquidade porque iminente e espantoso.


Seria oportuno considerar, a propósito, o mau uso feito da palavra “apocalipse”, que depois de tantas más leituras, distorções e abusos, deu lugar a uma literatura fantástica e quase sempre falsificada com esse nome. Dela muitos se apartarão, desconfiados. Seria insano, porém, por causa disso, censurar ou arquivar o próprio Apocalipse, livro sagrado porque inspirado por Deus e que contém ensinamentos preciosos reservados também para o nosso tempo. Se o mundo, à imagem e semelhança desse livro profético, acumulou escórias religiosas e falsas profecias, o mesmo fez com os Evangelhos, dados para quem tem ouvidos para ouvir. Mas a falsificação não altera os originais, ao contrário, os confirma quando estes advertem contra os erros e seduções dos falsos profetas que pensam e falam como o mundo.


E tudo isto se aplica igualmente à mensagem de Fátima e ao seu Terceiro Segredo, dados para o bem dos homens desta nossa época aflita por uma espantosa crise de fé. Considerou‑se, porém, necessário ocultar essa mensagem preciosa. Ficaremos sabendo, seguindo os comentários de padre Alonso, que para a nova ‘pastoral’ esse segredo não deverá ser nunca publicado e portanto continuar como um peso nos arquivos vaticanos. Parcial confirmação disso teve‑se com a entrevista de agosto de 84, dada pelo actual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, como veremos mais adiante.




Mas vejamos se no conteúdo do Segredo encontramos essas razões.


A primeira e a segunda parte do «segredo», que são publicadas em seguida para ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais a visão pavorosa do Inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à Segunda Guerra Mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade. Em 1917 ninguém poderia ter imaginado tudo isto...”




O que se diz aqui da Rússia pertence à segunda parte, já conhecida do Segredo. Fica por responder ao que respeita o Ocidente: apostatando da Fé cristã, este não está indo ao encontro de uma catástrofe total de modo mais irremediável que se estivesse submetido ao nefasto comunismo ?


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A descrição desse período histórico é imprecisa. Não se pode afirmar que o povo russo abandonou inteiramente a fé cristã, nem com o grande Cisma, nem depois do ateísmo imposto pelo comunismo. Seu actual grau de apostasia deve ser grave, mas não menos o do Ocidente, após suas novas revoluções morais e religiosas. Ora, o Segredo alude a um delito universal de tal gravidade que um anjo com uma espada de fogo parecia querer incendiar o mundo. Qual esse delito senão a grande apostasia?


Mas diante de tão grave delito e de tão extraordinário aviso, pode-se ignorar que a acção de ocultar a visão do Segredo, que adverte contra o abandono da Fé, e a escalada dessa geral e fatal apostasia, são ligadas ? Haveria alguma razão para censurar o aviso ? Aqui esta não é exposta. O facto é que João XXIII, Paulo VI e depois João Paulo II, recebendo a Terceira parte do Segredo de Nossa Senhora de Fátima, anunciado por um anjo... decidiram “enviar de novo o envelope selado para o Santo Oficio e não revelar a terceira parte do «segredo». Visto que não explicam a razão desta censura pode-se deduzir que temiam a revelação de uma verdade oculta. Mas os danos imensos causados pelo comunismo à humanidade eram conhecidos, logo só restam as mutações operadas na Igreja, cujos frutos nefastos em 1917 ninguém poderia ter imaginado, mas podiam ser deduzidos em 1960, também pela censura aplicada ao Segredo de Maria.


Porque então se quer hoje suprimir a data de 1960?


A única possível resposta é que essa data corresponde ao período da “supressão” do papa católico por um longo tempo... mas no fim o Coração Imaculado de Maria triunfará; será o triunfo da Fé da Igreja.
 
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