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Chip para implantes pode causar câncer, diz estudo


As ações da Applied Digital Solutions e de sua subsidiária de capital aberto VeriChip, que produz um chip de identificação pessoal para implante, caíram acentuadamente na segunda-feira, com a reação dos investidores a uma reportagem veiculada no fim de semana segundo a qual o pequeno aparelho de rádio está associado ao câncer.


Reportagem, da agência de notícias Associated Press, sugeria que a VeriChip e autoridades regulatórias federais norte-americanas haviam ignorado ou desconsiderado os estudos com animais que suscitam dúvidas quanto à possibilidade de que o chip, ou o processo usado para implantá-lo, tenha causado câncer em cachorros e ratos de laboratório.

A VeriChip alegou que não estava informada sobre os estudos mencionados na reportagem, de acordo com o artigo, mas tanto a empresa quanto agências federais de fiscalização norte-americanas afirmaram, na segunda-feira, que dados sobre testes com animais haviam sido considerados durante o processamento do pedido de licença para aplicação humana do implante.
Segundo essas fontes, não existiam estudos cientificamente controlados vinculando os chips à incidência de câncer em cachorros ou gatos, e ratos de laboratório são mais suscetíveis do que seres humanos e outros tipos de animais a desenvolver tumores, em função de injeções de qualquer tipo.

"No momento, não parece haver causa confiável de preocupação", disse Karen Riley, porta-voz da Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana que regulamenta e fiscaliza alimentos e remédios).

Além de causar queda nas ações das duas empresas, a reportagem criou preocupações entre veterinários e operadores de abrigos de animais, já que os proprietários de animais de estimação podem começar a resistir à prática cada vez mais freqüente de implantar chips desse tipo em seus animais, para facilitar localizá-los caso se percam. A maior parte dos animais que se perdem ou escapam e não são localizados pelos proprietários terminam sacrificados.

"Se os chips causam câncer de qualquer tipo, a ocorrência é muito rara comparada à possibilidade de que um animal de estimação se perca", disse o Dr. Lawrence McGill, patologista veterinário do Animal Reference Pathology, um laboratório veterinário de Salt Lake City.

O aparelho de identificação via rádio que leva o nome da VeriChip é um chip revestido de vidro, do tamanho de um grão de arroz. O aparelho porta um número codificado e é injetado no antebraço dos usuários. Nas aplicações hospitalares, o chip fica vinculado a fichas médicas arquivadas em hospitais ou no consultório do clínico que atenda o paciente. Um transmissor de baixa potência que é parte do chip transmite o número de identificação quanto questionado a curta distância por um leitor da VeriChip.

A empresa já demonstrou a capacidade de conectar esse mesmo chip a outros bancos de dados. Por exemplo, casas noturnas começaram a utilizá-los para permitir a entrada de usuários regulares, e a polícia mexicana o emprega para controlar o acesso às suas instalações de alta segurança.

Todas as potenciais aplicações atraíram forte oposição dos defensores da privacidade, que afirmaram que implantar os chips em seres humanos constitui forma muito abusiva de uso da tecnologia de identificação por rádio-freqüência, ou RFID.

Katherine Albrecht, que há muito tempo critica a VeriChip e o sistema RFID, contactou a Associated Press há alguns meses e lhes ofereceu parte dos estudos em que o artigo do final de semana foi baseado. Ela afirmou, em e-mail a seus colegas ativistas, na segunda-feira, que "publicidade negativa como essa é o começo do fim para a VeriChip e seus planos de equipar-nos todos com chips, como se fôssemos embalagens de carne identificadas por código de barra".
The New York Times

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