Páginas

Sedevacantismo: uma solução covarde?

S. Excia. Revma., Mons. Pedro Thuc, tendo sido autorizado por Pio XI e Pio XII pôde sagrar bispos sem mandato pontifício. A família de Mons. Pedro Thuc foi eliminada pelos comunistas do Vietnã. Só ele sobreviveu e pôde assim dar continuidade à sucessão apostólica. Os que o acusam de imprudência tentam se firmar no fato da realização de algumas sagrações na Espanha, em 1976. Esquecem-se, porém, de que o mesmo antístite as fez por influência de um sacerdote canonista de ÊCONE. Todavia, após ter percebido que o movimento se desviara sob a direção do judeu Dominguez, que se auto-proclamou Gregório XVII, Mons. Pedro Thuc se afastou e repudiou totalmente a tais atos que tinham por intenção confundir os fiéis. No entanto, Mons. Pedro deu prosseguimento à obra de preservação da Fé Católica quando se aliou aos tradicionalistas alemães (Einsicht) e sagrou, na década de 80, a outros bispos. Entre eles podemos destacar o dominicano que outrora foi professor na Pontifícia Gregoriana: Mons. Guerárd des Lauriers. Evidentemente, não partilhamos de sua Tese do Cassiciacum, mas sabemos que sua sagração foi um grande impulso para a resistência que nascia. Podemos destacar também a Mons. Carmona, outro bispo sagrado por Mons. Pedro. Este fez parte do primeiro grupo de resistência católica sedevacantista do mundo, que surgiu em torno do ilústre Pe. Saenz y Arriaga (Maurice Pinay), no México, autor de "O Complot contra a Igreja". Eram os descendentes dos cristeros em ação. Atualmente a resistência católica está espalhada pelos quatro cantos do globo e se expande cada vez mais. Realmente, neste momento em que Roma modernista faz acordos com os lefebvristas, podemos dizer que a única resistência que não soçobrará será a sedevacantista.
Que Deus Nosso Senhor nos confirme na defesa da Fé Católica.
Viva a Cristo Rei!

(Recebemos, recentemente, uma cópia de uma discussão ocorrida em Anápolis, GO, em que um amigo da Montfort ataca um dos nossos, mas recebe uma boa resposta...)
Caro Rodrigo, Salve Maria!
Sempre no amor à SANTA IGREJA?!Como é isso? Qual Igreja?

Não há Igreja sem o fundamento dela: Pedro!Rodrigo, recebo suas noticias com uma grande tristeza!

Pensando estar fugindo de um engano, estás sucumbindo realmente em um.Sacerdotes e Bispos sedevacantistas??

Eles não são sacerdotes e nem você foi crismado, meu amigo!

É mais fácil rejeitar um Papa, seja qual for, e criar uma utopia, do que enfrentar a realidade ao lado do "Doce Cristo na Terra", mesmo diante de suas fraquezas, não é?

Conheci só o lado corajoso e asceta do Rodrigo! Esse lado covarde que agora veio à tona, me espanta!

Penso num argumento já batido, mas tão correto por sua simplicidade: imaginemos se os apóstolos se tornassem "sedevacantistas" depois da traição de Pedro? Inimaginável, inadmissível e incoerente!

Felizmente, não terei tempo suficiente para conhecer "suas posições teológicas", pois sei que provavelmente elas mudarão amanhã, e depois de amanhã, e depois... é o Aggiornamento, não é! De tanto se opôr ao CVII você se tornara um ferrenho defensor do mesmo. Só você não percebe!

Que Nossa Senhora o proteja e o traga de volta pra casa, meu amigo!

Que ela lhe arranque da boca dos lobos e lhe conduza a Cristo!E que Ele tenha misericórdia de sua alma!

Frederico
------------------------------------------------------------------------

Caríssimo Frederico, salve Maria!

Alegro-me com receber uma carta sua, após tanto tempo.
Esteja sempre à vontade para corrigir-me.

As correções amigas sempre fazem muito bem à alma.

Se o sedevacantismo está errado, afirmo-lhe então, em consciência, que não quero ser sedevacantista.

Mas se, pelo contrário, o sedevacantismo estiver certo, não menos em consciência terei o dever de abraçá-lo.

Em primeiro lugar a verdade, seja ela qual for, e ainda que seja dolorosa, ainda que contrarie nossos interesses imediatos, ainda que nos exponha às humilhações.

Ora, que diz a tese sedevacantista? Diz que os papas do Vaticano II não são papas válidos, o que se pode verificar tanto por uma demonstração a priori, quanto por uma demonstração a posteriori.

A demonstração a priori (isto é, partindo da causa para o efeito), consiste no seguinte silogismo:

-Premissa maior: Um herege público pertinaz não pode ser papa.

-Premissa menor: Ora, os 'papas do Vaticano II' são hereges públicos pertinazes.
-Conclusão: Logo, os 'papas do Vaticano II' não são papas válidos.

A premissa maior dessa demonstração a priori baseia-se nos escritos de mais de cem teólogos renomados dos séculos passados; nos escritos – solenemente aprovados pela Igreja – de S. Roberto Belarmino, Sto. Afonso de Ligório, S. Francisco de Sales e S. Tomás de Aquino; no cânon 188/3 do Código de Direito Canônico de S. Pio X e Bento XIV; e, afinal, na bula Cum ex Apostolatus, do papa Paulo IV, onde este declara, expressa, solene e perpetuamente, que qualquer papa ou bispo caído em heresia perde automaticamente seu cargo, e, se já era herege antes da eleição, esta desde o princípio é nula.

E a própria razão diz que, sendo impossível que o gênero não seja predicável da espécie, é, pois, impossível que o membro principal da Igreja (o papa) seja, ao mesmo tempo, um não membro da Igreja (um herege).

O gênero de membro da Igreja tem que ser predicável (aplicável) à espécie de membro-chefe da Igreja.

Membro-principal não membro é contradição, é absurdo.

Donde ser metafisicamente impossível que um herege seja papa válido.
A premissa menor, por sua vez, baseia-se nos fatos ocorridos desde o Vaticano II, e que todo tradicional conhece: a contradição formal, pública e obstinada entre o que os papas de sempre ensinaram e fizeram e o que os 'papas' de agora o fazem, apesar das inúmeras advertências a eles feitas pelos católicos tradicionais.


Não se trata aqui de "julgar" o papa, mas de saber se fulano, que se apresenta como papa, de fato o é, pois que, se não o for, é claro que a ele não se aplica a não-julgabilidade.


Ademais, a Igreja declarou que o papa não pode ser julgado, mas fez uma ressalva: "exceto em caso de desvio da Fé", donde, mesmo um papa validamente eleito, se peca contra a fé, pode ser julgado pelos bispos que não o tiverem acompanhado na apostasia.


E mais: não podemos depor um papa válido, mas ele pode depor a si mesmo, o que pode fazê-lo seja renunciando, seja apostatando.


No caso de Bento XVI, temos um sujeito que já era herege notório há décadas – embora menos corrompido que o Wojtjla –, o que torna a sua eleição inválida em raiz, até mesmo se se quisesse olhar o " novo código", que continua a dizer, como o código verdadeiro, que apenas um homem católico pode ser eleito papa. Hereges são inelegíveis.

A demonstração a posteriori (isto é, partindo dos efeitos para a causa), pode ser expressa no seguinte silogismo:



-Premissa maior: Segundo toda a tradição teológica da Igreja, o papa não pode errar enquanto Doutor Universal, (ou seja, não pode impor a toda a Igreja ritos ilícitos ou inválidos, nem leis ilícitas, nem documentos magisteriais errôneos ou heréticos, nem canonizações equivocadas, etc.).


-Premissa menor: Ora, os 'papas do Vaticano II' erraram não apenas como doutores privados, mas como Doutores Universais da Igreja.


-Conclusão: Logo, segundo toda a tradição teológica da Igreja, os 'papas do Vaticano II' não podem ser papas validamente.

Muitas vezes no decorrer da história da Igreja, os teólogos discutiram sobre se um papa poderia errar e até cair em heresia como doutor privado, ou seja, em escritos e discursos não magisteriais. Nunca, porém, sequer se cogitou a hipótese de um verdadeiro papa ensinar e/ou impor o erro e a heresia a toda a Igreja. Se isso ocorresse, a Igreja teria defeccionado na Fé, ou seja, teria acabado. Donde – permita-me devolver um argumento muito caro aos anti-sedevacantistas –, se estes 'papas do Vaticano II', que ensinam e impõem o erro à toda a Igreja, são papas verdadeiros, então sim, a Igreja acabou...

A análise das premissas tanto da demonstração a priori, quanto da demonstração a posteriori, impõe, portanto, na situação presente, a seguinte conclusão: ou o sedevacantismo está correto, ou a Igreja acabou. Mas se a Igreja acabou, é porque não era indefectível. E se não era indefectível, então Cristo errou ao prometê-la como tal. Mas se Cristo errou, então não era Deus. E então toda a nossa Fé seria pura ilusão...

Donde, se impõe ao católico admitir a invalidade dos 'papas do Vaticano II', e admitir que a Igreja continua a existir sim, mas nos bispos, padres e fiéis que rejeitam publicamente o 'Vaticano II'.

Tão certo quanto haver um Deus no Céu, é não haver, atualmente, um Papa verdadeiro em Roma.
Eu também fui um inimigo do sedevacantismo. Mas de modo algum conhecia seus argumentos.

Uma vez que os conheci, procurei – e continuo a procurar – objeções ao sedevacantismo que este não saiba responder, e poderia afirmar-lhe, meu caro Frederico, sob juramento, que se eu encontrasse uma única objeção que o sedevacantismo não pudesse refutar, eu rejeitaria o sedevacantismo. Mas fui vencido pela evidência da verdade.
Só uma coisa o sedevacantismo teme: ser desconhecido.

Os que se dizem "anti-sedevacantistas", tudo o que fazem é recusar responder aos argumentos destes, alegando que a razão humana não é capaz de enfrentar o caso, que o melhor é não refletir sobre o assunto, etc...

Uma total irracionalidade que faz lembrar até o carismatismo...

Bem diz o provérbio: "O pior cego é aquele que não quer ver".

Ora, ou os sedevacantistas estão errados, e podem, portanto, ser perfeitamente refutados, ou estão certos, e devem ser seguidos.

Por que então o medo de estudar o sedevacantismo?

O amigo mesmo demonstra nada saber dos argumentos sedevacantistas, e ainda sim pretender refutá-lo.
Você cita o caso de Pedro na noite da Paixão do Senhor.

Ora,

1. Pedro ainda não havia assumido o papado, visto Nosso Senhor ainda estar presente visivelmente. As chaves, que Este lhe havia prometido, só lhe serão entregues no diálogo após a Ressurreição;
2. O pecado de Pedro não foi de heresia, mas de covardia, de falta de fortaleza, como o explica S. Francisco de Sales: "São Pedro não perdeu a fé quando negou o Senhor, mas o medo o fez negar o que cria. Quer dizer, não errou na fé, mas na confissão da fé. O que cria era reto, mas o que falava era incorreto, e não confessou o que cria" (Controvérsias, BAC, p. 243);
3. Pedro traiu a Cristo como pessoa privada, não como Doutor Universal da Igreja;
4. Pedro pecou de modo passional, sem premeditação, algo bem diferente do caso das traições dos 'papas do vaticano II';
5. Pedro se arrependeu imediatamente de sua falta, após a primeira correção recebida do próprio olhar de Cristo. Os 'papas do vaticano II', pelo contrário, são modelos acabados de obstinação no erro.
6. Nada nos autoriza a dizer que Cristo teria confirmado Pedro em seu cargo, se este não tivesse voltado atrás de sua queda.
Enfim, seja pelo lado que analize o caso de Pedro, ele nada tem haver com o caso da crise atual. Desculpe-me, mas seu querido argumento não vale nada.
Você diz que o bispo e padre sedevacantista que nos vieram visitar 'não são sacerdotes', e que, por isso, eu não estaria crismado.
Veja, dizendo isso você repete o mesmo disparate de quem porventure negue as sagrações feitas por Dom Lefebvre, esquecendo-se de que, se um bispo validamente sagrado sagra outro bispo com o rito correto, este fica mesmo sagrado, mesmo que não se tenha a autorização de um papa para tanto.
Ora, em 1981, dom Pedro Martinho Thuc, um arcebispo vietinamita, amigo de dom Lefebvre, e sagrado antes do concílio, aderindo ao sedevacantismo, sagrou 4 bispos para dar continuidade à hierarquia sacerdotal no grupo sedevacantista, numa sagração bem documentada e bem feita, que lhe valeu ser 'excomungado' pelo Wojtjla já 7 anos antes de dom Lefebvre. Os bispos e padres sedevacantistas que temos são os ordenados, sempre no rito tridentino, nessa linhagem sacerdotal de dom Pedro Thuc. Onde estaria a invalidade dos sacramentos administrados por eles?...
Por fim, você me acusa de covardia.
Pode acusar-me do que quiser, mas não vejo o nexo de se atribuir covardia a alguém que descobre que está seguindo a um anti-papa herético e, portanto, em atenção ao Magistério da Igreja e de Seus Santos, rompe com esse anti-papa. Estou simplesmente cumprindo meu dever. Dever que, por sinal, me tem custado muitas ofensas e dificuldades...
Criei um blog, ainda bem pequeno: http://odioaheresia.blogspot.com/

Agradeço suas orações, e esteja certo de que rezarei por você.
Sempre no amor à Santa Igreja, Católica, Apostólica, Romana, fora da Qual não há salvação,

Rodrigo Maria.

Um comentário:

MENTIRAS CONTRA A IGREJA CATÓLICA disse...

"... papa ou bispo caído em heresia perde automaticamente seu cargo, e, se já era herege antes da eleição, esta desde o princípio é nula..."
======================
A citação deveria conter as exatas palavras de sua santidade o Papa. Ao que parece, entre as partes citadas não consta a palavra "Papa". O termo "primado" não se refere ao papa mas ao "Primaz".

Se eu estiver incorrido em engano peço que me desculpe.

 
Real Time Web Analytics